Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • Nacional
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • |
  • Cultura
  • Opinião
  • Esportes
  • Cidades
  • Política
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Brasil de Fato
Início Opinião

ARTIGO

Luis Fernando Verissimo não escreve mais, as palavras escapam, e não toca mais sax, diz a sua mulher Lúcia

Ela conta a rotina do grande cronista e escritor, que completa 89 anos este ano

28.maio.2025 às 17h31
Porto Alegre (RS)
Eugênio Bortolon
Luis Fernando Verissimo não escreve mais, as palavras escapam, e não toca mais sax, diz a sua mulher Lúcia

Verissimo quase não sai mais da casa que herdou do pai, Erico Verissimo, onde vive com sua mulher Lúcia Helena Massa, com quem está casado desde 1963 - Foto: Arquivo pessoal

Luis Fernando Verissimo está com 88 anos e tem uma rotina interessante e bem doméstica. Ocupa quase todo o seu tempo sem sair da casa que herdou do pai, Erico Verissimo, no bairro Petrópolis, em Porto Alegre, sempre acompanhado pelos olhos vigilantes, carinhosos e sorridentes da sua mulher, a carioca Lúcia Helena Massa, com quem está casado desde 1963. Foi de tudo na vida das comunicações, mas ironicamente com suas maiores características – o silêncio, a timidez e as poucas palavras que ousava proferir. Era lacônico.

“Nunca fui muito íntimo de mim mesmo, nunca examinei o que eu fiz, o que eu deixo de fazer”, disse quando completou 80 anos. Lúcia, hoje, é a sua voz, a sua razão de fazer a sua vida andar com calma e amor e, com saúde, com as dificuldades habituais e naturais das sequelas que enfrenta da doença de Parkinson e do AVC, que sofreu em 2021, e que o obrigou a ficar vários dias internado em hospital da Capital, além do marcapasso colocado em 2012 e da lombalgia que o impede de ser ágil. Mas ele sempre foi calmo e tranquilo até para caminhar, desde que o conheço há quase 50 anos.

Lúcia sempre foi sua interlocutora. Recebi ao longo do tempo várias ligações dela fazendo um pedido simples. “Oi, podes mandar alguém buscar a coluna aqui em casa”, pedia com toda gentileza possível. E emendava um papo ou outro sobre alguma coisa do momento. Era editor na Zero Hora e controlava o fluxo dos carros para deslocamento dos repórteres da Editoria Geral. Aqueles anos eram na base da máquina de escrever. A Internet ainda estava um pouco distante.

Esta semana, mandei uma mensagem para Lúcia para me contar como estava o LFV. Foi gentil. “Ele vinha lidando bem com a doença de Parkinson até que no início de 2021 teve um AVC que atingiu a parte cognitiva. Ironicamente quem sempre lidou com as palavras começou a apanhar delas. As palavras escapam. Não consegue mais escrever, mas ainda lê lentamente”, me disse ela.

Tempo

O maior cronista brasileiro vivo driblou, com brilho, não apenas o Bolsonaro como a malícia dos entrevistadores
Luis Fernando Veríssimo foi entrevistado na edição especial do Brasil de Fato Humor, realizado em parceria com a Grafar, em 2020 – Foto: Tânia Meinerz | Fotos: Tânia Meinerz

Para quem passou a vida escrevendo, fazendo humor através das palavras, sendo escritor, cartunista, tradutor, roteirista, dramaturgo e romancista é uma situação chata. Mas não é assim que Lúcia e a família enxergam. “Uma vez me perguntaram o que eu achava da passagem do tempo, e eu disse: sou contra”, contou quando festejava os seus 80 anos.  “Mas, no fim, é o tempo que nos controla.”

Foi também publicitário e revisor de jornal. É ainda músico, tendo tocado saxofone em um conjunto de amigos. “O sax, que aprendeu aos 16 anos quando morava com os pais nos Estados Unidos, ficou um pouco de lado nos últimos anos e agora não toca mais”, conta Lúcia. “Ele ouve música, jazz principalmente, e joga paciência (cartas) no computador.”

“Teve um período em que desenhou bastante, mas parou”, afirma Lúcia. Quem não lembra das Cobras do Verissimo em várias publicações brasileiras?

“O que ele não deixou de fazer é acompanhar o Inter, seu time e seu velho amor”, diz. “Ficamos muito em casa, vemos filmes na tv. Sempre tem algum programa.”

Arte: Santiago | Arte: Santiago

Sobre questões políticas, está longe de se preocupar nesta altura da vida. Durante sua trajetória, sempre usou da perspicácia e da clareza do ambiente que vivia para manifestar suas posições. “Não parece mais interessado na política. Um sábio”, me disse Lúcia, certamente olhando o quadro caótico que vivemos nesta área.

LFV e Lúcia têm três filhos. “Fernanda, a mais velha, mora perto de nós e no momento está muito empenhada na memória do avô Erico que esse ano comemora 120 anos de nascimento e 50 de morte. Tem ido a Cruz Alta, terra natal de Erico, onde serão realizadas muitas comemorações. Nos deu a neta Lucinda, agora com 17 anos. Mariana mora em São Paulo e nos presenteou com o neto Davi, de 12 anos. E Pedro, que era publicitário, hoje canta e compõe. Moramos na mesma casa no bairro Petrópolis.”

Publicações

Com mais de 80 títulos publicados, LFV é um dos mais populares escritores brasileiros contemporâneos. Vendeu mais de 5 milhões de livros, um verdadeiro fenômeno editorial. Alguns dos seus maiores sucessos foram O Popular: crônicas ou coisa parecida, A Grande Mulher Nua e Ed Mort e Outras Histórias. A sua obra mais vendida foi As Mentiras Que os Homens Contam. Esta antologia de crônicas foi um sucesso de vendas e alcançou a marca de mais de 350 mil exemplares, segundo diz o Google.

Já entre as milhares de crônicas que escreveu para jornais como Folha da Manhã, Zero Hora, Estadão, O Globo e outros tantos está A Mulher do Vizinho. Ali ele destaca o tom crítico e satírico característico do autor. A crônica se concentra em um diálogo aparentemente comum entre um casal, que revela a complexidade das relações humanas e a forma como as fofocas e o preconceito podem moldar a realidade percebida. A crônica é famosa por sua linguagem simples e inteligente, além do humor que permeia a narrativa, tornando-a acessível e envolvente.

Também ficaram famosas Beijinho, beijinho, que aborda temas como adultério e desconfiança em casamentos, e A Bola, que utiliza o futebol como metáfora para refletir sobre a vida e a busca por identidade.

História

LFV nasceu em Porto Alegre, dia 26 de setembro de 1936 – está perto dos 89 anos – e morou nos Estados Unidos e no Rio de Janeiro, onde conheceu Lúcia. “Ele me deu cinco minutos para que eu decidisse se queria ou não casar”, relembrou Lúcia em vários momentos da vida. Tem uma só irmã, Clarissa – nome de um dos romances mais famosos do seu pai Erico –, casada com um físico americano e mora desde 1956 nos EUA. 

Entre 1980 e 1981, Verissimo viveu com a família por 5 meses em Nova Iorque, o que mais tarde renderia o livro Traçando Nova Iorque, primeiro de uma série de 6 livros de viagem escritos em parceria com o ilustrador Joaquim da Fonseca e publicados pela Editora Artes e Ofícios.

A popularidade veio em 1981, com o livro O Analista de Bagé, lançado na Feira do Livro de Porto Alegre. Esgotou em dois dias e o tornou nacionalmente conhecido. O personagem, criado para um programa humorístico de televisão com Jô Soares, é um psicanalista de formação freudiana ortodoxa, mas com o sotaque, o linguajar e os costumes típicos da fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai e a Argentina.

A contradição entre a sofisticação da psicanálise e a “grossura” caricatural do gaúcho da fronteira gerou situações engraçadíssimas, que Verissimo soube explorar com talento em dois livros de contos, um de quadrinhos (com desenhos de Edgar Vasques) e uma antologia.

Em 1982 passou a publicar uma página semanal de humor na revista Veja, que manteria até 1989. Em 1983, em seu décimo volume de crônicas inéditas, lançou um novo personagem que também faria grande sucesso, A Velhinha de Taubaté, definida como “a única pessoa que ainda acredita no governo”.

Em 1995, intelectuais brasileiros convidados pelo caderno “Ideias” do Jornal do Brasil elegeram Luis Fernando Verissimo o Homem de Ideias do ano. A esta seguiram-se outras homenagens: em 1996, “Medalha de Resistência Chico Mendes” da ONG Tortura Nunca Mais, “Medalha do Mérito Pedro Ernesto” da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro e “Prêmio Formador de Opinião” da Associação Brasileira de Empresas de Relações Públicas; culminando, em 1997, com o “Prêmio Juca Pato”, da União Brasileira de Escritores como o Intelectual do ano. Em 1999, recebeu ainda o “Prêmio Multicultural Estadão”.

Em 2004, na França, recebeu o Prix Deux Océans do Festival de Culturas Latinas de Biarritz. Em 2014 foi homenageado pela escola de samba de Porto Alegre Imperadores do Samba com o enredo A Imperadores do Samba faz a justa homenagem aos personagens de Luis Fernando Verissimo. Participou em 2015 em uma faixa do último CD da dupla gaúcha Kleiton & Kledir como compositor e saxofonista.

Veríssimo tem monumento em Bagé, graças ao seu trabalho Analista de Bagé. Há pelo Brasil afora também circulando agora um belo documentário, lançado com enorme sucesso contando todo o seu caminho literário e de vida.

* Jornalista

*Este é um artigo de opinião e não representa necessariamente a linha editorial do Brasil do Fato.

Editado por: Katia Marko
loader
BdF Newsletter
Escolha as listas que deseja assinar*
BdF Editorial: Resumo semanal de notícias com viés editorial.
Ponto: Análises do Instituto Front, toda sexta.
WHIB: Notícias do Brasil em inglês, com visão popular.
Li e concordo com os termos de uso e política de privacidade.

Notícias relacionadas

CINEMA

Documentário sobre Luis Fernando Verissimo volta às telas do RS em sessões na Capital e no interior

HOMENAGEM

Luis Fernando Verissimo é retratado por cartunistas para marcar seus 85 anos; veja caricaturas

Veja mais

Luta por justiça

Familiares de Victor Cerqueira participam de audiência pública sobre letalidade policial na Bahia nesta sexta (30)

DESIGUALDADE

Economia não gira com dinheiro na mão de poucos, diz Lula

ARTIGO

Governo Lula e os bilionários da floresta: errar hoje para errar muito mais amanhã

MEMÓRIA

El guacho – Pepe Mujica

Pressão do Congresso

Governo acerta no IOF, mas erra na comunicação, avalia cientista político

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Newsletters
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Rádio Brasil De Fato
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
    • Mobilizações
  • Bem viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevista
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Meio Ambiente
  • Privatização
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Sahel
    • EUA
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.