A prisão do MC Poze, no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio de Janeiro (RJ), na manhã desta quinta-feira (29), foi criticada por políticos e artistas. Entre eles, MC Cabelinho, que também canta funk, estilo consagrado no país, mas perseguido pela extrema direita brasileira.
“Desde sempre, a cultura preta, periférica e favelada é criminalizada. Desde sempre. O que me deixa intrigado é que quando eu atuei na novela das 21h, que eu fiz um papel de traficante em Amor de Mãe, era arte. Quando eu fiz um papel de bandido na novela das 19h, na Globo, era arte. Quando um roteirista escreve a vida de um traficante e relata o que acontece na favela, é arte. Agora, quando um MC, funkeiro e favelado relata o que acontece na favela e na vida dele, é apologia ao crime”, afirmou Cabelinho, que pediu aos seus fãs que reflitam sobre a origem dessa perseguição.
“Percebem como isso é subjetivo? Quem decide isso? Quem decide o que é arte e o que é apologia ao crime? Sou eu ou você? Não, quem decide isso é um desembargador, um juiz, um político, brancos e racistas que não gostam da gente e nos quer ver fodidos”, finalizou.
Poze foi detido, de acordo com a Polícia Civil, por apologia ao crime. Os agentes acreditam que o funkeiro colabora com o Comando Vermelho, divulgando a ideologia da facção e atraindo jovens para o grupo.
A prisão também foi criticada pela espetacularização da Polícia Civil do Rio de Janeiro, que prendeu Poze em casa e o levou descalço e sem camisa até o presídio de Benfica. No trajeto, permitiu que emissoras de televisão se aproximassem do funkeiro e colocassem microfones em sua boca.
“MC Poze foi preso hoje, dentro de casa, sem resistência, e mesmo assim algemado, cercado por uma operação truculenta. O outro, branco, miliciano e assassino confesso, sai escoltado de camiseta limpa e sem algemas, quase como se fosse celebridade”, disse a vereadora Benny Briolly (Psol), de Niterói (RJ).
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