O magnata mais rico do mundo, Elon Musk, anunciou nesta quarta-feira (28) que está deixando o governo dos Estados Unidos. Ele atuou por cinco meses como assessor responsável por cortes nos gastos federais, pouco depois de sua primeira grande divergência com o presidente Donald Trump sobre seu projeto de lei orçamentária.
“À medida que meu tempo programado como funcionário especial do governo chega a seu fim, gostaria de agradecer ao presidente Donald Trump a oportunidade de reduzir os gastos supérfluos”, escreveu em sua rede social X.
O bilionário nascido na África do Sul, dono de empresas como SpaceX, Tesla e Starlink, disse que o projeto de lei de Trump aumentaria o déficit e minaria o trabalho do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), que demitiu dezenas de milhares de pessoas sob seu comando.
“Fiquei decepcionado ao ver esse projeto de lei de gastos imensos, francamente, que aumenta o déficit orçamentário”, disse Musk em uma entrevista ao canal CBS News, da qual foi exibido um trecho na noite de terça-feira.
A “lei grande e bonita”, como Trump a chama, foi aprovada pela Câmara dos Representantes e agora segue para o Senado. “Acho que um projeto de lei pode ser grande ou pode ser bonito”, declarou Musk à CBS News, “mas não sei se pode ser as duas coisas ao mesmo tempo. É a minha opinião pessoal”. A entrevista completa irá ao ar no domingo.
Sem mencionar Musk, a Casa Branca tentou minimizar qualquer divergência sobre os gastos do governo dos Estados Unidos. “Não é um projeto de orçamento anual”, disse o assessor de Trump, Stephen Miller, na plataforma de mídia social de Musk, o X.
Todos os cortes propostos pelo DOGE teriam que ser implementados por meio de um projeto de lei separado, de acordo com as regras do Senado dos Estados Unidos, acrescentou Miller. Ele reduz os programas de seguridade social para financiar ampliação dos cortes de impostos de 2017.
Críticos dizem que isso dizimará os cuidados de saúde dos estadunidenses mais pobres e fará com que a dívida nacional dispare. Analistas independentes alertaram que o déficit poderia aumentar em até US$ 4 trilhões (R$ 22 trilhões) em uma década.
Os comentários de Musk representam uma ruptura com o presidente republicano, a quem ajudou a retornar à Casa Branca após um primeiro mandato de 2017 a 2021, por meio de milhões de dólares investidos na campanha eleitoral de 2024.
Em outra entrevista, ao jornal The Washington Post, Musk relembrou as reformas pelas quais muitos funcionários perderam seus empregos, alguns sem aviso prévio. “A situação da burocracia federal é muito pior do que eu imaginava”, disse ele.
“Achei que havia problemas, mas certamente é uma batalha difícil tentar melhorar as coisas em Washington, para dizer o mínimo”, acrescentou.
Trump colocou Musk à frente do DOGE logo no início de seu mandato. Porém, após um começo frenético, o bilionário anunciou no final de abril que dedicaria menos tempo a seu trabalho no governo para voltar a focar em suas empresas.
Em maio, reconheceu que não havia alcançado todos os seus objetivos com o DOGE, apesar de dezenas de milhares de pessoas terem sido removidas das folhas de pagamento do governo federal e vários departamentos governamentais terem sido dizimados ou fechados completamente.
*Com AFP