O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira (PT), para encontrar soluções para acelerar o ritmo da reforma agrária no país. A cobrança foi feita nesta quinta-feira (29), durante o anúncio de desapropriação de uma fazenda no Paraná para assentar 400 famílias do acampamento Maila Sabrina, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
“Ao invés de ter alguém para dizer ‘não’, precisamos ter gente para tentar encontrar uma solução”, afirmou o presidente. “Se for fácil, eu faço. Se for difícil, eu faço. Se não puder fazer, eu falo, para que as pessoas passem a respeitar mais a nossa relação”, disse Lula.
Teixeira tem sido alvo de queixas do MST, que critica a lentidão no processo de assentamento de famílias sem terra.
Em entrevista ao Brasil de Fato no início de maio, durante a 5ª Feira Nacional da Reforma Agrária, João Pedro Stedile, da direção nacional do movimento, classificou o cenário atual como “resultados fajutos, medíocres”. “Eles foram eleitos para mudar e não mudou. O Incra continua uma tapera velha, sem recursos, sem funcionário, sem vontade política”, criticou.
Nesta quinta-feira, em entrevista à Folha de S.Paulo, o dirigente Jaime Amorim afirmou que o ministro “não entende de reforma agrária e não tem interesse em realizá-la”. Questionado pelo Brasil de Fato sobre as declarações de Amorim e a relação com o movimento, Teixeira disse que “dialoga muito”.
Apesar do desgaste, o ministro foi recebido com aplausos por militantes do MST no evento no acampamento Maila Sabrina.
Assentamento para 400 famílias
A criação do assentamento faz parte do programa federal Terra da Gente, cujo objetivo é acelerar a reforma agrária e estruturar assentamentos em todo o país. O governo federal investiu R$ 340 milhões para indenizar os proprietários da antiga fazenda.
Segundo o governo, desde 2023, mais de 15 mil novos lotes foram destinados em assentamentos convencionais. Até o final de 2025, o objetivo é assentar 30 mil famílias em novos lotes e outras 30 mil até o final de 2026. O governo Lula promete beneficiar 326 mil famílias em quatro anos, por meio de assentamentos tradicionais, ambientalmente diferenciados, regularização e reconhecimento.
Segundo o ministro Paulo Teixeira, esse número é apenas o piso, não o teto. Ele ressaltou que a reforma agrária depende de recursos. “Ganhamos a eleição, mas temos minoria no Congresso. O Congresso é quem controla o Orçamento”, afirmou.
De acordo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em fevereiro deste ano o Brasil tinha 145 mil famílias acampadas à espera de assentamento.