A morte da professora Silvaneide Monteiro Andrade na última sexta-feira, (30), que sofreu um infarto fulminante dentro do Colégio Estadual Cívico-Militar Jayme Canet, gerou reação imediata da comunidade escolar. Após a morte, a APP Sindicato anunciou uma “greve de plataformas” a partir de hoje (2). Segundo informações do sindicato, Silvaneide teria sido chamada pela equipe pedagógica e cobrada relativo ao cumprimento das metas com o uso das plataformas.
Já a oposição na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) protocolou um pedido formal à Secretaria de Estado da Educação (Seed) cobrando esclarecimentos sobre a morte da professora e denunciando a pressão imposta sobre os profissionais da educação.
O infarto fulminante teria ocorrido diante da pressão pelos resultados. A professora passou mal e faleceu na própria escola. Para membros da comunidade escolar, a gestão do governo Ratinho Jr (PSD), assim como a de outros, adota um modelo de gestão por metas e resultados que não têm nenhum compromisso com a qualidade social da educação e, muito menos, com a valorização das trabalhadoras e dos trabalhadores das escolas públicas.
Após a morte, a APP Sindicato anunciou uma “greve de plataformas”. De acordo com a entidade, na “Semana de Plataforma Zero, (os professores não devem) utilizar as plataformas entre os dias 2 e 6 de junho, como forma de protesto contra as condições de trabalho e as metas absurdas impostas pela Seed”. A entidade defende ainda a realização de atos de ‘memória e denúncia’. A APP ainda promove no dia 7 de junho assembleia estadual em que “avaliaremos os próximos passos da luta e a realização de um dia de paralisação”.
A bancada de oposição da Alep também reagiu à morte. O deputado estadual Arilson Chiorato (PT) protocolou um pedido formal à Secretaria de Estado da Educação (SEED) cobrando esclarecimentos sobre a morte da professora Silvaneide e denunciando a pressão imposta sobre os profissionais da educação. “Ela teve um infarto e faleceu no colégio em que lecionava, diante da pressão que estava submetida para cumprir metas impossíveis. O Estado está adoecendo nossos professores!”, afirmou Arilson. No documento, o parlamentar solicita uma série de informações e documentos da SEED.
O deputado Professor Lemos (PT), que também manifestou pesar, destacou a gravidade da situação. “Lamentável sabermos de mais uma professora que faleceu neste modelo de educação que exerce demasiada pressão sobre os educadores. Nossa luta é para que a escola seja um ambiente saudável e seguro”.
Apesar da Secretaria de Educação ter emitido uma nota à imprensa dizendo que ofereceu apoio à comunidade escolar, o marido da professora disse ao Brasil de Fato Paraná que não recebeu nenhum contato oficial dom governo para prestar auxilio.
Nota da Secretaria de Educação
Em nota a Secretaria de Estado da Educação (Seed-PR) disse ” que lamenta informar que uma professora teve um mal súbito e faleceu na manhã desta sexta-feira (30) no Colégio Estadual Jayme Canet, em Curitiba. A equipe escolar acionou imediatamente o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), que prestou atendimento no local, mas, infelizmente, a profissional veio a óbito. Seed-PR encaminhou uma equipe de apoio psicológico à escola para oferecer suporte a estudantes, professores e servidores. A comunidade escolar está de luto. A Polícia Científica do Paraná vai investigar as circunstâncias. Qualquer informação sobre as causas da morte antes da conclusão do laudo é temerária.”
Matéria atualizada em 03/06, às 11h15, para correção de informação: Ao contrário do que havia sido informado, a Secretaria de Estado da Educação não mencionou qualquer apoio à família da professora em nota enviada à reportagem. O Brasil de Fato lamenta pelo equívoco.