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'Não viaje'

Alerta da Embaixada dos EUA sobre regiões do DF criminaliza pobreza e ‘escancara racismo’, dizem especialistas

Comunicado recomenda que cidadãos norte-americanos evitem Ceilândia, Paranoá, São Sebastião e Santa Maria

03.jun.2025 às 16h25
Brasília (DF)
Bianca Feifel

Lideranças destacam que, diferente do mostrado por estereótipos violentos, Ceilândia é um importante polo cultural do DF - Foto: Joel Rodrigues/ Agência Brasília

A Embaixada dos Estados Unidos (EUA) no Brasil emitiu um aviso de viagem em que recomenda que seus cidadãos evitem circular à noite pelo o que chamou de “cidades satélites” do Distrito Federal, citando as regiões administrativas de Ceilândia, Paranoá, São Sebastião e Santa Maria, em razão de supostos riscos de criminalidade e sequestro. O comunicado provocou críticas de lideranças políticas e sociais, que apontam que a recomendação reforça estigmas associados às periferias e desigualdades.

Para o deputado distrital Max Maciel (Psol-DF), nascido e criado em Ceilândia, a recomendação da Embaixada carrega um viés explícito de discriminação social, racial e econômica. “Justamente as regiões onde moram, em sua maioria, pessoas negras e trabalhadoras são tratadas como ameaça. Isso é reforçar o preconceito e a desigualdade com o carimbo de uma instituição internacional. Enquanto deveríamos estar promovendo o intercâmbio cultural e reconhecendo a potência que vem da quebrada, tentam nos silenciar com estigmas”, afirmou.

Segundo o aviso de viagem, “desenvolvimentos habitacionais informais, como favelas, vilas, comunidades ou conglomerados”, devem ser evitados “a qualquer momento”, enquanto as regiões administrativas de Brasília são classificadas como áreas a serem evitadas à noite, entre 18h e 6h. A Embaixada justifica a recomendação citando crimes violentos, como assassinatos, roubos à mão armada, sequestros e atividades de gangues, além de alertar para práticas de golpes que visam turistas estrangeiros.

O documento sugere ainda que viajantes não usem transporte público, evitem caminhar ou dirigir à noite e mantenham extrema cautela ao visitar caixas eletrônicos ou frequentar bares e boates desacompanhados.

De acordo com Maciel, a tentativa de estigmatização de partes do DF não é novidade. No ano passado, as mesmas RAs foram classificadas pela Embaixada como áreas de altíssimo risco, no mesmo nível de zonas de guerra. “Não é de hoje que a Embaixada dos Estados Unidos tenta pintar um retrato distorcido das periferias do Distrito Federal”, destacou o parlamentar.

O país norte-americano, a partir de uma Travel Advisory (alerta de viagem), define níveis de risco de 1 a 4 para cada destino. Segundo documento da embaixada, os fatores de classificação incluem crimes, terrorismo, agitação civil, saúde, probabilidade de desastre natural, entre outros. Destino com níveis 3 e 4 são analisados a cada seis meses, diz a publicação do órgão disponível no site institucional.

Desigualdade e estigmatização

As regiões administrativas citadas no comunicado são algumas das mais populosas do DF, com forte presença de população negra e trabalhadora, que enfrenta historicamente problemas relacionados à ausência de políticas públicas e desigualdade socioeconômica. Max Maciel rebateu a ideia de que as periferias sejam naturalmente violentas.

“As nossas periferias não são territórios de medo, são territórios de vida, de luta, de resistência. A quebrada é cultura, é solidariedade, é força coletiva. Não vamos permitir que nos reduzam à violência quando somos exemplo de superação cotidiana. A periferia não é violenta. Pelo contrário, ela sofre a violência do Estado, a violência do abandono e do descaso. Existe vida fora do avião. Existe vida na periferia!”, enfatizou o parlamentar.

Alex Martins, integrante do coletivo Família Hip Hop, de Santa Maria (DF), também criticou a recomendação da Embaixada e destacou que esse tipo de generalização reforça uma imagem preconceituosa de territórios periféricos, que são marcados não apenas por índices de criminalidade, mas também por efervescência cultural, solidariedade e formas alternativas de organização social.

“Não é novidade nenhuma que as classes dominantes usem comentários estigmatizantes contra as pessoas do povo, que vivem em favelas e nas periferias das cidades. Nós de Santa Maria já fomos alvo inúmeras vezes e, de certa forma, vencemos o preconceito com nosso trabalho, com nossa postura e luta, com nossas conquistas. O DF todo conhece o valor da cultura periférica e a potência de tudo que se produz nas quebradas”, afirmou.

Como exemplos da efervescência cultural de Santa Maria, Martins citou a pujante cultura hip hip do local, com grafiteiros e rappers de renome, que divide espaço com grupos de forró e rock. As feiras populares também são um centro de difusão de cultura e economia popular, além das hortas urbanas produzidas pela comunidade, que contribuem para a garantia da segurança alimentar da população. “Aqui o poder vem da cultura popular”, destacou o membro da Família Hip Hop.

Horta comunitária desenvolvida em Santa Maria pelo Coletivo Família Hip Hop/Foto: Denis Bueno FH2

Martins também reprovou a declaração do governador do DF Ibaneis Rocha (MDB-DF) sobre o assunto. Ibaneis afirmou que a recomendação da Embaixada foi “uma fala sem embasamento” e atribuiu os resultados positivos relacionados à diminuição de índices criminais à atuação da Secretaria de Segurança do DF e das forças policiais. “Eu circulo por todas essas cidades diariamente e não se ouve mais falar em sequestros. Até os sequestros-relâmpago, que eram comuns no passado, desapareceram”, afirmou o chefe do Executivo local.

Para Martins, o governador fez um comentário “protocolar”, que “em nada valoriza o povo das regiões administrativas”. “Apenas diz que a polícia nos domou, nos mantém sob controle e, por isso, os ricos podem passear por aqui. A defesa saiu pior do que o ataque”, criticou.

‘Racismo escancarado’

Cristiane Ribeiro, do colegiado de gestão do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), considerou a recomendação da Embaixada dos EUA uma “manifestação racista escancarada” e um reflexo da lógica colonial.

“Essa é uma posição recorrente, ora mais ora menos explícita, quando os países do Norte Global se referem aos países do Sul Global. Apontam as vulnerabilidades dos nossos países, sem se responsabilizar minimamente pela contribuição deles com elas, a partir da colonização e explorações às quais nos submetem historicamente”, destacou.

“Será acaso que essas comunidades e territórios listados, não só do DF, mas de todo o Brasil, nomeadas como violentas, tenham maior concentração de população negra? Afirmamos que não”, avaliou Ribeiro.

O Inesc realiza uma série de formações em orçamento público e direitos humanos e outras ações político-culturais com coletivos de juventudes negras, periféricas, LGBTQIA+ e lideranças locais de diferentes regiões administrativas do DF. “O que testemunhamos são manifestações vivas das pessoas desses territórios reafirmando suas identidades e reivindicando direitos através do conhecimento, arte e cultura”, relatou Ribeiro.

Polo cultural

Rayane Soares, coordenadora do projeto Jovem de Expressão (JEX), de Ceilândia também repudiou o comunicado da Embaixada, que, para ela, esforços da comunidade para construir um sentimento positivo de pertencimento ao território. “Por muito tempo, a gente luta para trazer esse sentimento de pertencimento, de que o território é para além das questões sociais”, afirmou em relação ao trabalho realizado pelo JEX. “Essa nota só reforça estereótipos e essa ideia de cidade violenta”, avaliou.

Soares afirmou que, apesar das adversidades, o Jovem de Expressão vem recebendo cada vez mais visitas de pessoas de outros estados e países, e destacou a importância do polo cultural de Ceilândia, uma cidade histórica, que acolheu populações de diferentes regiões do Brasil, e é marcada principalmente pela cultura nordestina. Além da Feira de Ceilândia e do próprio JEX, a região administrativa é a única que possui uma obra de Oscar Niemeyer fora do Plano Piloto, a Casa do Cantador.

“É muito triste uma nota dessas. Eles deveriam estar incentivando a visita, a conhecer essa cultura que é para além do Plano Piloto”, concluiu Soares.

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Editado por: Flavia Quirino
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