O documentário O rio só quer passar: tragédia climática no Rio Grande do Sul, produzido pelo Brasil de Fato, foi exibido nesta segunda-feira (2) durante a programação da 10ª edição do Festival Arquivo em Cartaz – Memórias da Terra em Filmes de Arquivo, na etapa realizada na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A atividade reuniu cerca de 100 estudantes do curso de História e contou com a presença dos jornalistas Vitor Shimomura e Murilo Pajolla, responsáveis pela reportagem e direção da obra.
O curta retrata os impactos sociais das enchentes extremas que atingiram o Rio Grande do Sul em maio de 2024. Durante uma semana, a equipe do Brasil de Fato percorreu regiões como Porto Alegre e o Vale do Taquari para registrar relatos de moradores de áreas urbanas, assentados da reforma agrária, indígenas e quilombolas. De acordo com a Defesa Civil, as cheias afetaram 2,3 milhões de pessoas e atingiram 95% dos municípios gaúchos.
Com o tema “Memórias da Terra em Filmes de Arquivo”, o Festival Arquivo em Cartaz é promovido pelo Arquivo Nacional em parceria com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) e tem como objetivo valorizar acervos audiovisuais, promover debates sobre políticas públicas de preservação e fomentar a cultura da memória. Ao todo, 52 obras foram selecionadas para exibição em cidades como Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF), Porto Alegre (RS), Salvador (BA), entre outras.
Na Unifesp, a exibição do documentário integrou uma programação dedicada à relação entre arquivos e cinema. Após a exibição de O rio só quer passar, houve um debate com os jornalistas responsáveis pelo filme. A atividade também incluiu a mostra de outros filmes e uma oficina de preservação audiovisual.
Para Vitor Shimomura, que assina a direção de fotografia e montagem do curta, a exibição foi uma oportunidade de provocar reflexão crítica entre os estudantes. “Acho que o curta é um documento histórico e sensível sobre a memória ambiental brasileira, que reforça a urgência de reavaliarmos nossa relação com o território e com a natureza.”
“Ao trazer para a Mostra Arquivo Nacional, dentro dessa dimensão das ‘memórias da terra’, o filme propôs um debate necessário sobre a preservação da vida, do ambiente e da memória como ato político na justiça ambiental, dando visibilidade a comunidades historicamente marginalizadas e escancarando as camadas de desigualdade social que permeiam os conflitos ambientais no Brasil”, afirmou.

“A gente pode observar que essa geração de estudantes está super interessada no debate sobre mudanças climáticas. Então, acredito que foi um encontro bacana para reafirmarmos a importância de uma consciência ambiental e social mais profunda”, completou Shimomura.
Filme também foi exibido em Porto Alegre
No dia 5 de maio, o documentário O rio só quer passar integrou a programação do festival em Porto Alegre (RS), com exibição no Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), campus da capital. A atividade fez parte de uma ação em memória de um ano das enchentes que atingiram o estado. Após a exibição, foi realizado o painel “Um ano das enchentes no RS”, com a participação de representantes do Arquivo Nacional, do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-4), do Arquivo Público do RS e do IFRS.