Com a greve dos professores da rede pública de educação do Distrito Federal, iniciada nesta segunda-feira (2), o Movimento Autônomo de Mães (Mama) encaminhou carta aberta à secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, apoiando o movimento grevista e reivindicando à pasta atenção às famílias que dependem do sistema público de ensino para garantir a proteção, a alimentação e o aprendizado dos filhos, enquanto trabalham ou buscam emprego.
“É urgente entender que a greve não pode ser tratada apenas como um impasse entre sindicato e governo. Quem mais sofre são as mães, principalmente as mais vulneráveis: trabalhadoras informais, empregadas domésticas, mães solo, moradoras das periferias — aquelas para quem a escola é o único apoio possível no cotidiano”, afirma a nota do Mama.
Além disso, o movimento condena as ações da pasta contra a paralisação de professores em prol de uma educação de qualidade, reestruturação de carreira e valorização salarial.
Na carta, o Mama apresenta cinco reivindicações ao Governo do Distrito Federal (GDF) para nortear as negociações com o Sindicato dos Professores (Sinpro-DF):
- Transparência nas negociações com o Sinpro-DF, com prestação de contas pública sobre os avanços e impasses no diálogo;
- Plano emergencial de acolhimento às famílias afetadas, incluindo a garantia de acesso à merenda escolar, mesmo durante a greve;
- Liberação de espaços escolares como centros de apoio, permitindo que as comunidades utilizem parques, bibliotecas e quadras de esporte para o cuidado de crianças e adolescentes;
- Concessão de auxílio financeiro emergencial para mães trabalhadoras prejudicadas pela suspensão das aulas;
- Realização de audiência pública imediata, com participação de famílias, professores, parlamentares e governo, para debater alternativas que minimizem os impactos da greve nas comunidades e atendam às demandas da categoria.
O movimento também rejeitou a criminalização da greve e denuncia a omissão do Estado frente aos impactos da paralisação nas famílias. “O GDF não pode continuar tratando os profissionais da educação e as mães como invisíveis na política educacional. Não aceitaremos ser excluídas das decisões que moldam o futuro dos nossos filhos”, conclui a carta.
O Brasil de Fato DF questionou a Secretaria de Educação sobre as reivindicações do movimento, mas não houve posicionamento da pasta até o fechamento desta matéria.
Petição pública
Também em apoio à greve da categoria, familiares de estudantes lançaram uma petição pública. Até o momento o abaixo-assinado conta com mais de 6 mil assinaturas.
“Somos contra o sucateamento da educação pública e repudiamos as ações governamentais que visam impedir o exercício do direito à greve. Acreditamos que a educação pública de qualidade em todos os níveis, nos termos garantidos pela Constituição Federal, depende da valorização dos profissionais do magistério”, diz a nota.
Trabalhadores de várias categorias participarão de um ato em solidariedade aos professores e orientadores educacionais nesta terça-feira (3), às 19h, no auditório do Sinpro, no Setor de Indústrias Gráficas (SIG).
Assembleia no dia 5 de maio
Professores, orientadores e orientadoras educacionais do Distrito Federal irão se reunir em assembleia na próxima quinta-feira (5), às 9h, no estacionamento da Funarte, para deliberar sobre os rumos da greve iniciada pela categoria.