A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a prisão preventiva da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). A parlamentar anunciou, na manhã desta terça-feira (3), que deixou o Brasil e está nos Estados Unidos. A bolsonarista, no entanto, deve se deslocar para Europa.
A suspeita é que Zambelli saiu do país no último dia 25 pela fronteira com a Argentina, na região de Foz do Iguaçu (PR). Como o país vizinho não exige controle migratório, a saída da deputada não foi registrada oficialmente pela Polícia Federal (PF).
Em 14 de maio, ela foi condenada por unanimidade pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos de prisão pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2023. Conforme denúncia da PGR, Zambelli foi a autora intelectual da invasão para emissão de um mandato falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.
Para que seja emitida uma ordem de prisão, Moraes, que é o relator do processo, deve aceitar o pedido da PGR.
À imprensa, Zambelli negou que esteja fugindo da Justiça brasileira e alegou que saiu do país à procura de tratamento médico. “Queria anunciar que estou fora do Brasil já faz alguns dias. Eu vim a princípio buscando tratamento médico que eu já fazia aqui e agora eu vou pedir para que eu possa me afastar do cargo. Tem essa possibilidade na Constituição. Acho que as pessoas conhecem um pouco mais essa possibilidade hoje em dia porque foi o que o Eduardo [Bolsonaro] fez também”, afirmou Zambelli.
Apesar de estar nos Estados Unidos, a parlamentar deve embarcar para Itália. “A saúde aqui nos Estados Unidos é muito cara. Então, eu estou indo para a Itália, onde é mais barato”, disse. “Eu tenho passaporte italiano, eu estou nos Estados Unidos. Eu vim para os Estados Unidos fazer um tratamento de saúde, não é um tratamento de depressão, eu tenho outras questões de saúde que são conectadas com a Síndrome de Ehlers-Danlos que eu tenho.”
Fora do país, a parlamentar disse que continuará se manifestando sobre a política brasileira. “Me cansei de ficar calada, me cansei de não atender o meu público. Nosso país não tem condições de abarcar pessoas que querem falar tanto quanto eu.”
Carla Zambelli não é considerada foragida pela Justiça do Brasil, porque, apesar de ter sido condenada, o processo está na fase de apresentação de recursos. Nesta etapa, a defesa entra com embargos declaratórios para tentar rever a decisão. No entanto, se Moraes aceitar o pedido de prisão preventiva da PGR, Zambelli entra como foragida internacional na Difusão Vermelha da Interpol.
Sobre a possibilidade, Zambelli desafiou Alexandre de Moraes. “Eu tenho um passaporte italiano, pode colocar Interpol atrás de mim, eles não me tiram da Itália. Sou cidadã italiana e lá eu sou intocável, a não ser que a Justiça italiana me prenda. E aí não vai ser o Alexandre de Moraes, vai ser a Justiça italiana. Estou pagando para ver um dia desse”, afirmou.