A recente decisão do governo português de expulsar do país mais de 34 mil estrangeiros, entre eles 5 mil brasileiros que tiveram pedidos de residência negados, está inserida em um contexto maior de endurecimento das políticas migratórias locais, influenciado pelo avanço da extrema direita. A análise é da professora doutora de Relações Internacionais Ana Carolina Marson, da Escola Paulista de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.
Segundo ela, apesar de o Brasil manter uma alta taxa de aprovação dos pedidos de residência, com 68 mil autorizações concedidas em um total de 74 mil solicitações, o impacto é significativo para os brasileiros diretamente afetados. “Essa medida vem agora depois das eleições legislativas portuguesas que colocaram o partido Chega, de extrema direita, com maioria no Congresso”, explica. “A extrema direita já vem nessa toada de isolacionismo, de uma política mais contrária à imigração”, acrescenta.
Para a professora, embora os laços históricos e culturais entre Brasil e Portugal garantam certa estabilidade nos fluxos migratórios, o avanço de governos nacionalistas e xenófobos pode gerar insegurança jurídica e afetar intercâmbios e programas de estudo. “É claro que isso gera uma insegurança, e nós precisamos ficar atentos”, diz.
Movimento cruel
Marson também comentou o cenário nos Estados Unidos, onde o presidente Donald Trump tem endurecido deportações em massa mesmo de imigrantes em situação legal. “Esse movimento no governo do Trump não surpreende porque ele já deixou muito claro que faria isso. O que surpreende é a característica de crueldade, a forma como essas deportações estão sendo feitas, autoridades rindo disso”, analisa.
Para ela, tanto Trump quanto outros líderes da extrema direita compartilham uma visão nacionalista que vê a imigração como ameaça à identidade nacional. “Eles acreditam que a imigração diluiria essas características nacionais do local”, indica.
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