O autor da obra Reconhecimento Fotográfico Racista: Falsas Memórias e Criminalização no Brasil Contemporâneo, o advogado Edson Souza, foi aprovado para concorrer ao Prêmio Jabuti Acadêmico 2025 na categoria Direito.
O livro, que rendeu a indicação, discute como o reconhecimento fotográfico, amplamente utilizado no sistema de justiça criminal brasileiro, contribui para a condenação injusta de pessoas negras, com base em processos enviesados de memória e discriminação institucional provocando o encarceramento em massa de jovens negros.
A indicação foi recebida por Souza com muita honra, principalmente tendo em vista a sua trajetória profissional. O autor é ex-policial militar, atuou na corregedoria da corporação, e também egresso do sistema prisional, passou dois anos preso preventivamente após uma denúncia caluniosa de outro PM. O escritor está com um processo em curso em que solicita a reintegração à Polícia Militar.
“A elaboração desse livro se baseou justamente na época que fui policial militar por 12 anos aqui no Rio de Janeiro, atuando na corregedoria da polícia e lá vi que muitos casos, muitas denúncias envolvendo policiais que agiam de forma discriminada, sempre tendo como alvo o jovem preto das favelas, das periferias aqui do Rio de Janeiro. Então, esse livro, na verdade, é uma denúncia em que a cor da pele, infelizmente, ela influencia hoje numa acusação, num processo criminal e numa consequente condenação”, conta o advogado criminalista e pesquisador ao Brasil de Fato.
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Para o autor, que integra a Academia Brasileira de Letras do Cárcere (ABLC), a candidatura ao Jabuti Acadêmico representa não apenas o reconhecimento da relevância acadêmica e social da obra, mas também uma oportunidade de ampliar o debate sobre justiça, raça e direitos humanos no Brasil contemporâneo. O Prêmio Jabuti Acadêmico é uma das premiações mais prestigiadas da literatura e do pensamento crítico no Brasil.