Não satisfeitos em assistir às aberrações que têm sido cometidas pelo Congresso Nacional, em função da pauta conservadora, os vereadores de Belo Horizonte têm marcado sua atuação política com base em valores arcaicos e, por vezes, irresponsáveis. E tais medidas atingem, prioritariamente, mulheres, pretos, gays e pessoas da periferia.
No dia 29 de maio, a Câmara de Vereadores promulgou a lei que institui a Bíblia como instrumento paradidático nas escolas da capital mineira, ignorando que o Estado é laico e que, portanto, a lei é inconstitucional.
Em abril, eles já haviam aprovado o projeto que cria o “Dia dos Métodos Contraceptivos Naturais”, claramente afrontoso com todo um trabalho de saúde pública exemplar, que previne as ISTs (Infecção Sexualmente Transmissível), e é eficaz no controle da natalidade.
E para fechar o “combo” conservador e retrógrado, julho pode ter um “Dia dos Legendários”, uma espécie de “Clube do Bolinha”, que leva evangélicos para incursões em montanhas e matas e tem sido duramente criticado por ambientalistas, por causa dos impactos negativos nos biomas. Um projeto nesse sentido foi protocolado em abril pelo vereador Wanderley Porto (PRD), que também é integrante do grupo autointitulado cristão.
A massa que elege tais “representantes” não está nos prédios da Savassi e nem nas casas do Belvedere, mas nas favelas e nas periferias. Influenciados por discursos alarmistas, que pregam o medo e o caos, se prestam ao antigo “voto de cabresto” que em nada contribui para a melhoria da qualidade de vida da população.
Em que esses projetos podem ser compreendidos como positivos para o povo? Em nada!
Como uma turba hipnotizada por falsas promessas, grande parte das pessoas segue aprovando esses parlamentares, que usam de meios covardes para manipular mentes e corações em torno de um projeto de poder que lhes garanta a liberdade, enquanto tiram as opções de escolha da maioria.
Luciana Sampaio Moreira e Pilar Batista fazem parte do Coletivo Jornalistas MG, grupo progressista e suprapartidário de jornalistas que lutam pela democracia, pela valorização da categoria e pelos direitos humanos.
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Este é um artigo de opinião. A visão das autoras não necessariamente corresponde a linha editorial do Brasil de Fato.