Na manhã desta terça-feira (10), quando se completa um mês do assassinato de Victor Cerqueira, familiares e moradores de Caraíva, no sul da Bahia, realizaram manifestação no distrito cobrando respostas sobre o andamento das investigações do crime. Vitinho, como era conhecido, era um jovem negro, de 28 anos, que trabalhava como guia turístico na região e foi visto pela última vez no dia 10 de maio algemado, após abordagem policial. Horas depois, seu corpo foi encontrado com múltiplos sinais de tortura e execução. O caso segue sob investigação do Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA) e pela Polícia Civil.
Durante a manifestação, familiares, amigos, população local e apoiadores do movimento Justiça por Vitinho exibiram cartazes e faixas cobrando retorno em relação ao andamento do processo. Em nota, o movimento pede transparência nas investigações, identificação e responsabilização dos envolvidos e compromisso público das autoridades com a verdade e a justiça.
“Passados 30 dias, a família e a comunidade seguem sem informações oficiais, sem retorno das autoridades e sem qualquer responsabilização pelos fatos. O silêncio institucional diante de uma tragédia como essa é inaceitável. A manifestação é um grito coletivo por justiça, por dignidade e pelo direito à vida de jovens negros e periféricos”, salienta o documento.

A luta por justiça também tem mobilizado organizações de direitos humanos e representantes do poder público. Por meio de articulação em Brasília (DF), a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados oficializou o acompanhamento do caso e protocolou documento que reconhece a gravidade da situação.
Além disso, uma petição online na plataforma Change.org que exige justiça e transparência já soma mais de 35 mil assinaturas e foi entregue ao Ministério Público e à Defensoria Pública da Bahia.
O Brasil de Fato entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), que, em nota, afirma que “o caso está sendo investigado pela Polícia Civil, que solicitará prorrogação do prazo para conclusão do inquérito. Destaca também que todas as medidas de Polícia Judiciária estão sendo adotadas, visando o esclarecimento da ocorrência policial deflagrada naquele distrito”. Acrescenta, ainda, “que laudos complementares estão sendo finalizados e que novas diligências serão realizadas pelos investigadores”.
Já o MPBA, também contatado, não deu retorno. O espaço segue aberto.