O ativista Thiago Ávila, integrante do veleiro Madleen que levava ajuda humanitária a Gaza, foi levado para a solitária de um centro de detenção de Israel, na manhã desta quarta-feira (11). A informação foi confirmada ao Brasil de Fato pela Flotilha da Liberdade, que organizou a missão de solidariedade internacional.
Ele foi colocado na cela escura e sem refrigeração após se negar a assinar o documento de deportação e anunciar uma greve de fome. Israel também ameaçou deixá-lo na solitária por sete dias sem contato com a defesa.
Thiago se recusa a assinar o documento de deportação, alegando que foi levado a Israel pelas próprias autoridades do país, já que sua detenção ocorreu, na verdade, em águas internacionais. Quatro tripulantes já foram deportados, entre eles a ativista sueca Greta Thunberg, que deixou Israel na manhã da terça-feira (10).
O veleiro Madleen foi sequestrado pela Marinha israelense na noite de domingo (8) a aproximadamente 185 quilômetros da costa de Gaza. Além do brasileiro, outros sete ativistas contestam as ordens de deportação. De acordo com a equipe de comunicação, é provável que eles sejam deportados de forma forçada.
Na manhã desta quarta-feira (11), a Justiça de Israel proferiu uma decisão determinando a expulsão de Thiago Ávila, mas com a condução à solitária, o destino do ativista ainda é incerto pelas próximas horas.
O grupo de ativistas transportava uma pequena carga de ajuda humanitária que incluía arroz e fórmula para bebês. A embarcação partiu da Itália em 1º de junho com 12 ativistas de diferentes países – incluindo Brasil, França, Suécia, Alemanha, Espanha, Turquia e Países Baixos – com o objetivo de romper o bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza.
Ao Brasil de Fato a irmã de Thiago, Luana Ávila, afirmou que o dia havia começado com “uma notícia boa, de que o julgamento do Thiago decidiu pela deportação e que essa deportação deveria acontecer aí nos próximos dois dias. Essa notícia tinha deixado a gente mais tranquilos.”
“Mas teve uma reviravolta, a gente não consegue saber por que o Thiago foi transferido para a solitária.”
“A gente não consegue saber por que o Thiago não tem autorização de comunicação direta com nenhum familiar, nem a minha cunhada conseguiu falar com ele diretamente. A única pessoa que consegue falar com ele é a advogada. E inclusive parece que Israel proibiu até a autoridade consular de falar com ele. Ele tem que optar se ele vai falar com a autoridade consular ou com a advogada, o que é um absurdo. É um desrespeito inclusive ao Brasil, e não só a um brasileiro.”
Em nota, o Itamaraty reiterou “sua firme condenação à interceptação, em águas internacionais, por forças israelenses, da embarcação “Madleen”, em flagrante transgressão ao direito internacional”. O governo brasileiro também informou que a Embaixada do Brasil em Tel Aviv está prestando todas as assistências necessárias a Thiago Ávila.
O Ministério das Relações Exteriores destacou, inclusive, o “contexto de gravíssima situação humanitária na Faixa de Gaza, onde há fome e desnutrição generalizadas”. “O Brasil deplora a continuidade de severas restrições, em violação ao direito internacional humanitário, à entrada de itens básicos de subsistência no Estado da Palestina”, diz a pasta em outro trecho.
A população palestina enfrenta bombardeios diários, deslocamento forçado e risco iminente de fome devido ao bloqueio imposto pelo governo israelense. Segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, mais de 54.700 palestinos, a maioria civis, morreram vítimas dos ataques de Israel. Os números são considerados confiáveis pela Organização das Nações (ONU).