Participante da conferência preparatória da Organização das Nações Unidas (ONU) para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), o ativista climático e comunicador Mateus Fernandes, de Guarulhos (SP), destacou as principais cobranças levadas por jovens do Sul Global ao evento internacional. Ele falou diretamente de Bonn, na Alemanha, onde ocorre o evento até o próximo dia 26.
Ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, Fernandes mencionou como prioridade a questão do financiamento climático. O ativista critica a falta de avanços concretos desde a última conferência climática, a COP29, em Baku, Azerbaijão. “Não tivemos clareza de como esse financiamento chega para o Sul Global, para a juventude, para grupos vulnerabilizados pela crise climática. Estamos aqui para cobrar como esse dinheiro chega e como pode ter efetividade nos territórios”, diz.
Outro ponto levantado é a revisão das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), que orientam metas climáticas dos países. Para Fernandes, os documentos devem ser mais inclusivos e considerar raça, gênero, juventude e infância. “Um prefeito pode utilizar uma NDC para um plano municipal. Mas, para isso, ela precisa citar esses recortes. É uma cobrança que fazemos aqui”, exemplifica.
Mateus Fernandes integra a delegação jovem do governo brasileiro na COP e destaca a importância da presença de pessoas periféricas nesses espaços. “Lugar de favelado, lugar de pessoas pretas, é também numa conferência da ONU. Estou aqui com uma credencial, como qualquer outro representante de outro país”, pontua.
Evento organiza pautas para COP no Brasil
O evento em Bonn marca o início da preparação da COP30, que será realizada em novembro, em Belém (PA). “Estamos revisando os textos da última conferência e construindo as pautas prioritárias. A expectativa é que não comecemos novas pautas do zero em Belém, mas que avancemos com impacto real nos territórios”, explica.
Durante a semana, além das plenárias oficiais, ocorre também um acampamento de juventudes do Sul Global. “É um espaço para nos conectarmos com demandas e soluções. Hoje foi um dia de chegada, credenciamento, e a partir de amanhã começamos a entrar na escrita dos textos. A COP30 precisa ser construída pelas pessoas”, defende.
Além dos debates técnicos, o espaço em Bonn também tem sido palco de manifestações políticas. “Tivemos um ato muito importante pró-Palestina dentro do evento da ONU. Foi pacífico e teve apoio de vários países”, relata.
Para ouvir e assistir
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