A Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (UnB) se transformou em palco de resistência na noite dessa segunda-feira (16). Mais de 20 organizações sindicais, movimentos sociais e partidos políticos se reuniram para manifestar solidariedade contra a tentativa de cassação do mandato do deputado federal Glauber Braga ( Psol-RJ).
Representantes da Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Educação (Fasubra), Auditoria Cidadã da Dívida, e partidos políticos como Psol, PSTU, PCB, denunciaram o que classificaram como perseguição política ao parlamentar.
“É super importante que esse ato esteja aqui na Universidade de Brasília e na Faculdade de Direito. A UnB é um local de luta e resistência. Sempre foi e sempre será, se depender de todos nós da classe trabalhadora”, destacou o diretor da Faculdade de Direito, Alexandre Bernardino.
Em abril, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar a Câmara dos Deputados aprovou a representação que pede a cassação do parlamentar por quebra de decoro parlamentar. Glauber Braga foi acusado pelo partido Novo de ter expulsado da Câmara, em abril do ano passado, com empurrões e chutes, o integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) Gabriel Costenaro.
O deputado foi categórico ao afirmar o que acredita ser a verdadeira motivação da tentativa de cassação: 23 denúncias sobre o orçamento secreto realizadas da tribuna da Câmara. Enquanto o Governo Federal dispõe de R$ 200 bilhões anuais para investimentos, as emendas parlamentares consomem R$ 50 bilhões – um quarto do orçamento total. “Não estamos sequer discutindo o volume. Exigimos apenas transparência, que quem indica a emenda se identifique”, explicou Glauber.
Nas últimas semanas, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara rejeitou o recurso apresentado pelo parlamentar diante da decisão do Conselho de Ética. Diante da ofensivas e da aproximação da votação em plenário, que deve ocorrer no início de julho, Brasília recebeu a 24ª parada de uma caravana que já percorreu 23 estados brasileiros. Além disso, entre 26 de junho e 1º de julho, o parlamentar realizará uma marcha do Rio de Janeiro a Brasília, passando por 23 cidades.
De acordo com o parlamentar, a estratégia é “isolar socialmente a posição de Arthur Lira”, criando constrangimentos políticos que tornem insustentável a manutenção da perseguição, mesmo entre os aliados.
Mandato necessário
“Esse sempre foi um mandato que nos inspirou muito na luta em defesa da educação, defesa da classe trabalhadora, teve na linha de frente contra a precarização do trabalho, questionando inclusive as plataformas digitais dos entregadores de aplicativo, dos motoristas de aplicativo, com projetos e iniciativas para que haja mais orçamento para as universidades públicas brasileiras. A gente sabe como ele é importante e decisivo na luta sindical em defesa de todas as categorias, por isso que a gente tem representações nacionais hoje aqui que se colocam na defesa do mandato do Glauber”, destacou o deputado distrital Fábio Felix (Psol-DF).
Já a deputada federal Erika Kokay apontou que a defesa do mandato representa a resistência contra “um parlamento que muitas vezes é um pacto cheio de balcões de negócios”.
“É importante esse momento de solidariedade, de força e também determinação de Glauber para resistir contra os ataques, mas também contra aqueles que não querem ouvir as divergências e as denúncias que ele tem dado no Congresso Nacional”, reforçou o deputado distrital Max Maciel (Psol-DF).
A professora Patrícia Ramiro, do comando de greve dos professores do DF, destacou a conexão histórica entre as lutas. “Não tem como falar de Glauber sem falar dessa história, dessa união de ideias. Esse desejo que ele sempre teve de fazer diferença nas nossas vidas”. Ela relatou como o deputado imediatamente gravou vídeo de apoio à greve dos professores quando solicitado, demonstrando compromisso com as causas populares.
“Não é só a defesa do mandato do Glauber e da figura dele que é muito combativa, mas a defesa de todas as lutas que esse mandato carrega”, frisou a presidenta do Psol no DF, Julia Tadini.

Encerrando o ato, Glauber celebrou a mobilização e disse ter “convicção” de que a cassação será barrada. “Não estou numa jornada apenas para salvar o mandato. Estamos lutando para mudar a política e enfrentar o poder oligárquico”, afirmou o deputado. “A partir do Ceará, tenho convicção de que essa cassação não será aprovada. Quem pensou que executaria um script pré-fixado sem resistência estava enganado”.
Desde seu início, a caravana já visitou 23 estados brasileiros, entre estes: Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Bahia, Sergipe, Piauí, Paraíba, Roraima, Rondônia, Acre, Ceará, Amazonas, Pernambuco, Maranhão, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Tocantins, Alagoas, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Pará e Amapá.
Nesta etapa final de mobilização, após o Distrito Federal, a caravana segue para Goiás, São Paulo e Rio de Janeiro. O encerramento oficial será no dia 26 de junho, com ato na capital fluminense.