O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende visitar a ex-presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, em Buenos Aires, durante a Cúpula do Mercosul, marcada para os dias 2 e 3 de julho. A informação foi confirmada pelo deputado federal Paulo Pimenta (PT), que está na capital argentina para participar de atos em apoio à dirigente peronista, atualmente em prisão domiciliar.
“Conversei com o presidente Lula ontem e ele deve fazer uma visita à presidenta Cristina. Com certeza ele fará questão de abraçá-la e transmitir a sua confiança na inocência dela”, disse o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social à rádio argentina AM 750.
Segundo Pimenta, o gesto tem o objetivo de demonstrar carinho, solidariedade e apoio internacional. Lula e Cristina mantêm uma relação política e pessoal histórica, marcada por cooperação entre os dois governos e solidariedade mútua em momentos de perseguição judicial.
Cristina cumpre pena de seis anos de prisão em seu apartamento no bairro Constitución, em Buenos Aires. A sentença foi confirmada no último dia 10 pela Suprema Corte argentina, em um processo que sua defesa classifica como perseguição política. Para visitar a ex-presidenta, o Itamaraty deverá solicitar autorização oficial, já que a lista de pessoas autorizadas a entrar na residência é controlada judicialmente.
Defesa diz que Lula não pode ser impedido
De acordo com Carlos Beraldi, advogado de Cristina Kirchner, não há impedimento legal para que Lula realize a visita. “Uma pessoa que está privada de liberdade tem que ter esse direito. Nessa medida, não espero que possa existir nenhum tipo de limitação a que o presidente Lula ou qualquer outra pessoa a visite”, afirmou.
A defesa da ex-presidenta sustenta que, mesmo sob regime domiciliar, ela tem direito a manter relações políticas e pessoais, inclusive com outros líderes de Estado. Beraldi acrescentou que impedir a visita do presidente brasileiro representaria uma violação das garantias constitucionais de Cristina.
Após a confirmação da sentença, Lula telefonou para Cristina e manifestou solidariedade. “Falei da importância de que se mantenha firme neste momento difícil”, escreveu o presidente brasileiro em sua conta na rede social X. “Notei com satisfação a maneira serena e determinada com que Cristina encara essa situação adversa.”
Em 2019, quando estava preso em Curitiba, Lula foi visitado por Alberto Fernández, então candidato à presidência da Argentina e futuro vice de Cristina Kirchner. O gesto foi um marco da aliança entre os dois países durante os governos progressistas da região.

Pressão popular cresce
Milhares de pessoas tomaram a Praça de Maio, em Buenos Aires, nesta quarta-feira (18), em apoio à ex-presidenta Cristina Kirchner. A mobilização, que responde à imposição de prisão domiciliar contra a líder peronista, foi convocada por centrais sindicais e movimentos populares de várias províncias argentinas.
Desde cedo, manifestantes se reuniram nas imediações do bairro Constitución, onde Cristina cumpre pena, e seguiram em marcha até o centro da capital. Cartazes, palavras de ordem e relatos emocionados marcaram o protesto, que denunciou perseguição judicial e restrições à liberdade política da ex-presidenta.
Enquanto a Praça era ocupada, a defesa de Cristina apresentou um pedido à Justiça para esclarecer se ela tem permissão para aparecer à sacada de seu apartamento. A restrição, segundo os advogados, fere garantias constitucionais e seria mais um gesto de repressão simbólica contra sua comunicação com o povo.