O presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou nesta sexta-feira (20) que o exército russo “não tem o objetivo” de tomar a cidade ucraniana de Sumy, mas não descartou a ocupação do território no futuro.
“Não temos o objetivo de tomar Sumy, mas, em princípio, não descarto isso. Essa é a lógica do confronto”, disse Putin durante a sessão plenária do Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, realizado entre os dias 18 e 21 junho.
O mandatário afirmou que, atualmente, as forças russas estão em processo de implementar uma zona de segurança devido às ameaças que surgiram em muitas áreas da fronteira. De acordo com ele, a profundidade da zona de segurança na região de Sumy deve variar de 8 a 12 quilômetros.
Ao mesmo tempo, Putin disse que a soberania da Ucrânia deve ser concedida sob os valores de neutralidade pelos quais essa soberania lhe foi concedida. Ele também afirmou que russos e ucranianos são “um só povo”.
“A tragédia na Ucrânia é o resultado do trabalho daqueles que não querem tolerar as mudanças que acontecem no mundo. Considero russos e ucranianos um só povo; nesse sentido, toda a Ucrânia é nossa. Mas há muitos que são a favor da independência — e nunca questionamos o direito dos ucranianos à soberania. Mas seria bom retornar aos valores sob os quais a Ucrânia recebeu sua soberania — um Estado não alinhado e não nuclear”, disse o presidente russo.
Sumy no alvo da operação russa
Durante a primeira rodada de negociações diretas entre Rússia e Ucrânia, em Istambul, foi relatado em diversas publicações que o chefe da delegação russa, Vladimir Medinsky, teria declarado que o lado russo poderia assumir o controle das regiões de Sumy e Kharkov.
Esta ameaça de ocupar mais duas regiões ucranianas também foi mencionada pelo deputado russo da Duma, Yevgueny Popov, durante programa de TV russo. O parlamentar afirmou ter obtido a informação de “fontes confiáveis próximas ao processo de negociação”.
Não é a primeira vez que Putin fala publicamente sobre a possibilidade de tomar o controle da região de Sumy. Em 21 de maio, durante visita do presidente à cidade de Kursk, o chefe do distrito de Glushkovsky, Pavel Zolotarev, disse ao presidente russo que a cidade ucraniana deveria ser anexada ao território russo.
As duas regiões são fronteiriças: Sumy do lado ucraniano, Kursk do lado russo. Ao ser questionado por Putin sobre a distância que as Forças Armadas Ucranianas deveriam ser recuadas da fronteira para a segurança do lado russo, Zolotarev respondeu: “Sumy deve ser nossa”. Em tom bem humorado e fazendo referência ao governador da região de Kursk, mais tarde Putin disse: “É por isso que Aleksandr Yevseevich [Khinshtein] foi eleito [chefe da região de Kursk], é isso que ele também quer – mais e mais”.
No final de maio, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou que a Rússia estava reunindo tropas na direção de Sumy para criar uma “zona-tampão” de 10 quilômetros de profundidade. Ele estimou que o grupo russo, que se preparava para a ofensiva, somava mais de 50 mil pessoas.