O ativista Mahmoud Khalil, figura de destaque nos protestos de apoio ao povo palestino, foi solto na sexta-feira (20) após mais de três meses no centro de detenção do Serviço de Imigração e Controle de Alfândega (ICE) em Jena, no estado da Louisiana, nos Estados Unidos.
De origem palestina e nascido na Síria, Khalil é ex-aluno da Universidade Columbia, onde liderava protestos que denunciavam o apoio estadunidense ao genocídio cometido por Israel em Gaza.
O ativista foi recebido por amigos e apoiadores no aeroporto de Internacional de Newark, em Nova Jersey, onde ele falou com a imprensa. “O governo dos Estados Unidos está financiando esse genocídio. E a Universidade de Columbia está investindo nesse genocídio”, afirmou, em entrevista coletiva.
Acompanhado da esposa, do filho e da deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortez, garantiu que a detenção não irá censurá-lo e prometeu continuar com os protestos contra o genocídio. “É por isso que eu estava protestando e é por isso que eu vou continuar protestando com cada um de vocês”.
No dia 8 de março, Mahmoud Khalil foi detido por agentes do Departamento de Segurança Interna (DHS) em uma residência da Universidade de Columbia, em Nova York. Depois, ele foi transferido para o centro de detenção onde passou os últimos três meses. A prisão acendeu debates sobre a liberdade de expressão no país de Donald Trump.
Após a detenção do ativista, a advogada Amy Greer, que representa Khalil, disse à imprensa: “A prisão e detenção de Mahmoud pelo ICE [Immigration and Customs Enforcement] ocorre após a repressão aberta do governo dos EUA ao ativismo estudantil e ao discurso político, visando especificamente os estudantes da Universidade de Columbia por criticarem o ataque de Israel a Gaza. O governo dos EUA deixou claro que usará a aplicação da lei de imigração como uma ferramenta para suprimir esse discurso.”
Casado com uma estadunidense e pai de uma criança nascida no país, Khalil tem residência legal nos Estados Unidos.
Apesar disso, o governo Trump vinha tentando deportar o ativista e se recusando a libertar o estudante, alegando que ele havia mentido em seu pedido de green card, bem como sobre seu envolvimento em determinadas organizações ou sobre seu trabalho no escritório da Síria na embaixada britânica em Beirute, no Líbano, após 2022.
O Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos considera que mentir no pedido de residência é uma fraude.
Na decisão emitida na sexta-feira, o juiz Farbiarz afirmou que as alegações de fraude não são motivos para que Khalil permaneça detido. A liberação do estudante foi ordenada sob fiança até a conclusão do caso.