Famílias atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul vão receber 68 toneladas de alimentos, o equivalente a aproximadamente 4 mil cestas básicas, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A ação emergencial iniciou no sábado (21) e atende moradores com alimentos adquiridos junto a agricultores familiares da região. As entregas fazem parte do programa de doação simultânea, coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.
Cada cesta básica contém cerca de 22 quilos, com itens como arroz, feijão, macarrão, óleo, farinha de mandioca, farinha de trigo e açúcar. A seleção dos produtos considera o consumo alimentar básico e busca atender famílias em situação de insegurança alimentar agravada pelas chuvas.

Na capital gaúcha, parte das cestas foi destinada à Central de Abastecimento das Cozinhas Solidárias do Estado, criada durante as enchentes de 2024, na sede do Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre. “A importância dessa parceria com a Conab é imensurável. Sabemos para onde os alimentos devem ser enviados, quem vai prepará-los e onde essa comida chegará. Essa rede nos permite responder com agilidade a momentos críticos como este”, afirma Itanajara Almeida, coordenadora da central de abastecimento.
Segurança alimentar
Ainda no Sindicato dos Aeroviários, o presidente da Conab, Edegar Pretto, se reuniu com representantes de 45 cozinhas solidárias da região Metropolitana para orientá-los sobre o trabalho da companhia neste período de emergência. No mesmo local, foram preparadas refeições para serem distribuídas à população atingida pelas fortes chuvas no bairro Sarandi.
De acordo com Pretto, o foco da mobilização emergencial é garantir a segurança alimentar das comunidades impactadas. “Neste final de semana entregamos já as primeiras 4 mil cestas de alimentos que foram compradas da agricultura familiar e estavam nos armazéns da Companhia. Também estamos em tratativas com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) para que todas as pessoas que tiverem com falta do básico, que é a alimentação, será responsabilidade do governo federal, via Conab, para que a gente não deixe ninguém com fome neste momento tão difícil que passa novamente o povo gaúcho”, afirmou.
A logística de distribuição conta com a participação de comitês municipais, que identificam as famílias beneficiadas, e com organizações da sociedade civil responsáveis pela entrega direta nos territórios. Segundo a Conab, o trabalho é realizado em articulação com prefeituras e instituições locais, com previsão de ampliação para outras regiões atingidas.
Além de garantir o abastecimento de populações em situação de vulnerabilidade, a iniciativa também movimenta a produção rural de pequenos agricultores afetados pelos efeitos das enchentes. As compras públicas realizadas priorizam cooperativas e associações da agricultura familiar.
Outras entregas estão programadas para os próximos dias, como parte das ações emergenciais articuladas pelo governo federal no estado. Desde a última sexta-feira (13), o Rio Grande do Sul enfrenta uma crise humanitária com milhares de pessoas desabrigadas, prejuízos em áreas urbanas e perdas na produção agrícola.
Estado em alerta de enchente
Dados mais recentes revelam impacto crescente da temporada de chuvas que já atingiram 121 municípios gaúchos: o governo estadual informou quatro mortos, ao menos uma pessoa desaparecida e mais de 7 mil desalojados, com precipitações que superaram 350 mm em algumas regiões.
O Exército atua em sete municípios, enquanto deslizamentos, quedas de barreira e interrupções no tráfego têm dificultado as ações de retomada da normalidade. A estatal instalou uma Sala de Situação para executar ações de ajuda à população atingida pelas enchentes no Rio Grande do Sul na manhã da sexta-feira (20).
Políticas públicas reforçam apoio à agricultura familiar
O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), relançado em março de 2023, exige que pelo menos 30 % das compras públicas sejam de produtores familiares, com prioridade por iniciativas agroecológicas e participação de mulheres, povos tradicionais, assentados e jovens rurais . Para a safra 2024/25, o Plano Safra da Agricultura Familiar mobilizou R$ 85,7 bilhões em financiamentos, dos quais R$ 76 bilhões por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), com taxas de juros reduzidas para práticas sustentáveis e recursos extras para agroecologia e redes produtivas.
