As paralisações de jogos motivadas por eventos climáticos durante o Mundial de Clubes da Federação Internacional de Futebol (Fifa), que acontece nos Estados Unidos, chamaram a atenção de torcedores brasileiros. Até agora, três partidas da fase de grupos foram interrompidas devido a alertas meteorológicos, entre elas o confronto entre Palmeiras e Al Ahly, disputado na última quinta-feira (19) no MetLife Stadium, em Nova Jersey.
Segundo o meteorologista da Climatempo Vitor Takao, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, as interrupções fazem parte de protocolos rigorosos adotados nos EUA e baseados em diretrizes do Serviço Nacional de Meteorologia do país. “Estamos chegando no verão no hemisfério norte. O verão, assim como aqui no hemisfério sul, é conhecido justamente por temperaturas muito elevadas. Com todo esse calor, tem-se também bastante energia. Essa energia ajuda na formação de instabilidades”, explica.
O país enfrenta eventos meteorológicos severos, como chuvas intensas, raios, granizo e até tornados. “É um granizo bem maior do que os granizos que vemos no Brasil. Então tem todo esse protocolo que foi estabelecido pela Fifa e teve como base, justamente, diretrizes estabelecidas também pelo Instituto Nacional Meteorológico norte-americano, onde, se há ocorrência de algum evento ou atividade ao ar livre num raio entre quatro e dez quilômetros, há a suspensão imediata diante de qualquer risco iminente”, afirma.
No Brasil, mesmo jogos sob temporal ou com gramados alagados costumam seguir, muitas vezes com partidas em que a bola mal rola por causa da água acumulada no gramado. Takao aponta que, por aqui, ainda não há um protocolo claro e bem definido que envolva a meteorologia. “O fato de não termos um protocolo bem estabelecido deixa tudo na mão do árbitro da partida ou do delegado responsável. Então fica muito pelo feeling [percepção, em inglês] da situação”, diz.
Na avaliação do especialista, a adoção de normas semelhantes às dos Estados Unidos poderia melhorar a segurança de jogadores e torcedores. Para isso, seria necessário um esforço conjunto entre diferentes áreas. “Não tem essa intersecção entre a esfera da meteorologia, da sociedade, da saúde pública com o esporte em si”, lamenta.
Para ouvir e assistir
O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.