Nos dias 27 e 28 de junho, Porto Alegre será palco do 5º Encontro Estadual da Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários do Estado do Rio Grande do Sul (Unisol-RS), um evento que carrega um significado ainda maior para todos nós que fazemos a economia solidária acontecer no Rio Grande do Sul. É o nosso primeiro reencontro após a catástrofe das enchentes de maio, e sua importância vai muito além de um simples debate: é um ato de resistência, reafirmação e reconstrução.
A enchente de 2024 nos atingiu em cheio. Desestruturou lares, empreendimentos e, confesso, desanimou muitos de nós. Eu mesma senti na pele a dor de ver minha casa alagada. Mas, como sempre digo, a economia solidária se alimenta de esperança.
E foi com essa esperança que a Unisol esteve e continuará presente, oferecendo apoio e buscando todo tipo de suporte para nossas filiadas, filiados e comunidades. Essa experiência reforça uma verdade inegável: a solidariedade é a base de um modelo econômico justo, um refúgio em tempos de crise.

Nosso encontro reunirá mais de 200 representantes de empreendimentos solidários de seis regiões do estado, com um foco claro: fortalecer as redes e cadeias em setores vitais como reciclagem, confecção, alimentação saudável, artesanato e finanças comunitárias. É a oportunidade de consolidar políticas públicas e intensificar as articulações que nos permitem seguir em frente. A presença do secretário nacional de Economia Popular e Solidária, Gilberto Carvalho, na abertura, demonstra o reconhecimento da nossa luta e a importância do que construímos.
A economia solidária é feita de gente que transforma. É um modelo de desenvolvimento sustentável e coletivo que não apenas produz e gera renda, mas também promove inclusão, especialmente para as mulheres, que representam 70% da Unisol-RS. Nossas conquistas são o reflexo da cooperação e da superação, especialmente após enfrentarmos uma situação tão grave que atingiu populações já fragilizadas.
Para superar desafios como a escassez de material para a reciclagem, o baixo valor de comercialização e a necessidade de mais educação ambiental, sabemos que “só se consegue fazendo juntos”. Compras coletivas, grupos de comercialização, negociações conjuntas e, fundamentalmente, políticas públicas de Estado são os instrumentos que nos fortalecem. Precisamos resistir ao sistema individualista e mostrar que somos uma alternativa viável, um modelo que confronta a lógica predatória.

O apoio de parceiros como a Fundação Banco do Brasil, que destinou R$ 4,3 milhões para a reconstrução de galpões de reciclagem, é vital. Mas a verdadeira força reside na nossa rede. No 5º Encontro, vamos ampliar parcerias, discutir estratégias de comercialização e fortalecer as cadeias produtivas. A expectativa é que, ao sairmos de lá, estejamos ainda mais articulados e preparados para consolidar a economia solidária como uma alternativa real de trabalho e renda em todo o Rio Grande do Sul.
Nossa rede é a nossa força. Juntos, vamos reconstruir e mostrar que a esperança, impulsionada pela solidariedade, é o motor da nossa resiliência.
*Nelsa Nespolo é presidente da Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários do Estado do Rio Grande do Sul (Unisol-RS).
*Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.
