Durante a cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), realizada nesta quarta-feira (25) em Haia, o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, comparou os bombardeios recentes contra instalações nucleares iranianas com a destruição provocada pela bomba atômica lançada pelos EUA sobre Hiroshima, no fim da Segunda Guerra Mundial. A declaração ocorreu em meio às reuniões da cúpula que resultaram em um acordo inédito de aumento de gastos militares por parte dos países-membros da aliança.
Trump reagia a relatórios inconclusivos da inteligência norte-americana, que apontavam que os ataques realizados haviam atrasado o programa nuclear iraniano apenas por alguns meses. Ao minimizar os dados técnicos, o presidente comparou a ofensiva com os bombardeios atômicos lançados sobre o Japão em 1945. “Não quero usar o exemplo de Hiroshima, não quero usar o exemplo de Nagasaki, mas foi basicamente a mesma coisa – aquilo pôs fim a uma guerra”, afirmou Trump.
Em meio às tensões provocadas pelas declarações, Trump recebeu um gesto de apoio do secretário-geral da Otan, Mark Rutte. Em uma conversa captada por câmeras, Rutte se referiu a Trump como “papai”, após o presidente norte-americano dizer que Irã e Israel se comportavam como “duas crianças no pátio de uma escola”. Rutte respondeu que “há momentos em que o papai tem que usar uma linguagem mais dura”, em alusão a um palavrão usado por Trump ao comentar a situação no Oriente Médio.
No certame oficial, durante a coletiva de imprensa que encerrou os dois dias de reunião, o secretário-geral da Otan disse que Trump era um “bom amigo” e “homem de paz” por ter promovido uma trégua entre israelenses e iranianos.
Mais gastos militares
Sob forte pressão dos Estados Unidos, os 32 Estados-membros da aliança assinaram uma declaração conjunta comprometendo-se a elevar seus gastos em Defesa para o equivalente a 5% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2035. O patamar atual, de 2%, havia sido alcançado no ano passado por 22 países.
A meta estipulada será composta por 3,5% em gastos estritamente militares e outros 1,5% voltados a áreas como inovação, proteção de fronteiras e infraestrutura. O documento também prevê a inclusão das “contribuições diretas para a defesa da Ucrânia” nesse cálculo, além de uma revisão geral do mecanismo em 2029.
O comunicado final da cúpula destacou a “ameaça a longo prazo representada pela Rússia” e reafirmou o apoio à Ucrânia, mas foi mais enxuto do que em edições anteriores e não trouxe menções específicas a China, Irã, Coreia do Norte, clima ou igualdade de gênero.
A Espanha foi o único país a declarar abertamente discordância da nova meta. O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, afirmou ter negociado um limite de 2,1% do PIB em Defesa, o que provocou críticas públicas de Trump, que classificou a posição como “injusta”. Rutte afirmou que o pacto não prevê cláusulas de exceção.
*Com informações da AFP.