Os Estados Unidos e a China firmaram um acordo para agilizar a exportação de terras raras ao mercado norte-americano. A negociação é considerada um alívio na tensão comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Nesta quinta-feira (26/06), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou a assinatura do acordo, sem fornecer detalhes adicionais. O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, comentou sobre a negociação à Bloomberg: “eles vão nos entregar terras raras” e, em contrapartida, “vamos retirar nossas contramedidas”.
Ele também sugeriu que a Casa Branca prepara outros acordos comerciais bilaterais: “vamos fazer os dez principais acordos, colocá-los na categoria certa, e os outros países virão atrás”.
O governo chinês também confirmou o acordo nesta sexta-feira (27/06). “Ambos os lados reafirmaram seu compromisso de aprofundar a cooperação e fortalecer o consenso alcançado pelos dois chefes de Estado durante a ligação telefônica em 5 de junho”, relatou o porta-voz do Ministério do Comércio da China.
Segundo a pasta, “a China continuará a revisar e aprovar pedidos de exportação para itens controlados que cumpram os critérios estabelecidos”.
Terras raras
Como explica o sociólogo Cian Barbosa, em artigo especial para Opera Mundi, os metais de terras raras são 17 elementos químicos (lantânio, cério, praseodímio, neodímio, promécio, samário, európio, gadolínio, térbio, disprósio, hólmio, érbio, escândio, túlio, itérbio, lutécio e ítrio). Eles estão na natureza com alguma abundância, mas se tornam “raros” pela dificuldade de extração, “já que eles ficam misturados a outros minérios”.
“Esses metais são utilizados na fabricação de itens críticos fundamentais, como ímãs de alto falantes, discos rígidos de computadores, motores de veículos elétricos e motores a jato, além de telas e monitores, tecnologia médica e, fundamentalmente, tecnologia militar”, aponta.
Atualmente, a China domina 60% da produção global de terras raras e quase 90% do refino mundial, o que a torna peça-chave nas cadeias globais de suprimento tecnológico.
Acordo
Em dezembro do ano passado, o governo norte-americano anunciou medidas restringindo o acesso chinês a tecnologias de ponta dos Estados Unidos. Em retaliação, a China restringiu a exportação de minerais raros a Washington.
Após a escalada dos dois países na guerra tarifária de Trump, eles firmaram um primeiro acordo em Genebra, em maio. Nele, Pequim se comprometeu a remover barreiras não tarifárias impostas desde 2018. No entanto, ainda havia dúvidas sobre como se daria a reversão dessas medidas.
“A administração e a China concordaram com uma estrutura adicional para implementar o acordo de Genebra”, disse ao The Guardian, um funcionário da Casa Branca. “É sobre como podemos implementar a aceleração dos embarques de terras raras para os EUA novamente”, informou.
Segundo o veículo britânico, fontes do setor revelaram que a China está exigindo garantias de que esses materiais não sejam redirecionados para fins militares norte-americanos. A checagem rigorosa de compradores teria desacelerado o processo de licenciamento.
Segundo o Wall Street Journal, o governo chinês solicitou que empresas fornecedoras de terras raras apresentassem listas de trabalhadores com conhecimento técnico. E até entregassem passaportes de especialistas, para impedir a transferência de conhecimento sensível a rivais estrangeiros.
O governo Trump havia adotado restrições às exportações de semicondutores e aeronaves para a China, como resposta às medidas chinesas. No início de junho, no entanto, Pequim concedeu licenças temporárias para que fornecedores chineses voltassem a atender as três principais montadoras norte-americanas.
Com The Guardian e China Daily.