Em alusão ao 25 de Julho – Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha – a Abayomi – Coletiva de Mulheres Negras da Paraíba realiza neste sábado (5), a partir das 17h30, na Sala Vladimir Carvalho da Usina Cultural Energisa, a 7ª edição do Buyìn Dudu: recontando nossas histórias. O evento, gratuito e aberto ao público, homenageia seis mulheres negras paraibanas cujas trajetórias são símbolo de resistência, ancestralidade e transformação social.

Ao longo de suas edições, o Buyìn Dudu já homenageou 30 mulheres negras que atuam em diversas frentes de luta por justiça racial e de gênero. Este ano, a solenidade se insere na programação do Julho das Pretas e ocorre no contexto da 2ª Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, prevista para novembro, em Brasília, que pretende reunir mais de 1 milhão de mulheres negras.
Honraria como estratégia política: “Reparação não é favor, é direito”
Para Terlúcia Silva, integrante da Abayomi e coordenadora do evento, o Buyìn Dudu é mais que uma homenagem. “Essa honraria é uma estratégia que evidencia a luta histórica das mulheres negras a partir dos seus próprios lugares de atuação. O racismo não nos detém. A resistência permanece firme, e nós seguimos recontando nossas histórias com dignidade e justiça”, afirma.
A militante enfatiza que o evento ocorre em sintonia com a preparação para a Marcha das Mulheres Negras 2025, que extrapola as fronteiras do Brasil. “A marcha não é só nacional. Ela é global. Já temos comitês na América Latina, Europa e Estados Unidos. Estamos dizendo ao mundo que lutamos por reparação profunda, que vai muito além de uma ou outra política pública. Queremos a devolução de tudo que nos foi roubado ao longo dos séculos”, declara Terlúcia.
As homenageadas: vozes negras que sustentam a Paraíba
Seis mulheres negras com trajetórias potentes serão homenageadas nesta 7ª edição:
- Mãe Rita Preta (Santa Rita): mulher negra centenária, yalorixá, doutora honoris causa pela UFPB. “Ela carrega a espiritualidade da Jurema com a força de quem sobreviveu ao apagamento e ainda se mantém como farol ancestral”, destaca Terlúcia.
- Mestra Cida de Caiana dos Crioulos: cirandeira e mulher crioula que faz do corpo e da cultura afrodescendente sua forma de resistência.
- Luza Maria: integrante da Associação Paraibana de Prostitutas, com mais de 20 anos de ativismo. “Ela transforma a vivência da prostituição em ato político e se afirma enquanto puta com orgulho”.
- Jadiele Berto: jovem gestora pública, não natural da Paraíba, mas há 10 anos na militância local. Atua na pauta racial dentro da Secretaria de Igualdade Racial.
- Raíssa e Rossana Holanda (Porto do Capim, em João Pessoa): gêmeas, afroempreendedoras e defensoras do território do Porto do Capim. “Elas trabalham com a cultura, com a estética negra, com o cabelo, como formas de resistência e de afirmação ancestral.”

Buyìn Dudu como ato político e cultural
Além da entrega das honrarias, o evento contará com apresentações culturais que reforçam o protagonismo das mulheres negras. A programação contará com a presença da cantora Nathalia Bellar e performances das artistas Norma Góes e Jinarla. A celebração acontece na Usina Cultural Energisa, um dos principais espaços de difusão artística de João Pessoa.

“O Buyìn Dudu é uma cerimônia afirmativa que reúne cultura, política e afeto. Cada edição é uma convocação à memória e à luta”, explica Terlúcia. “Não estamos só celebrando trajetórias. Estamos dizendo que nossas vidas importam, contam e transformam.”
Conexões com o Julho das Pretas e a Marcha das Mulheres Negras 2025
A cerimônia integra a programação da 27ª Edição do 25 de Julho na Paraíba e da 13ª edição do Julho das Pretas, agendas construídas por redes de organizações como a AMNB (Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras), a Rede de Mulheres Negras do Nordeste e a Rede Fulanas – Negras da Amazônia Brasileira.
Em 2025, o Julho das Pretas se conecta à construção da 2ª Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, marcada para o dia 25 de novembro. O movimento busca ir além da denúncia: visa colocar a reparação no centro das políticas públicas e da consciência coletiva.
Serviço:
O quê: 7ª Edição do Buyìn Dudu: Recontando Nossas Histórias
Quando: Sábado, 05 de julho de 2025
Horário: 17h30
Onde: Sala Vladimir Carvalho, Usina Cultural Energisa – João Pessoa/PB
Entrada: Gratuita
Realização: Abayomi – Coletiva de Mulheres Negras na Paraíba
Instagram: @abayomipb