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MEIO AMBIENTE

Não vai passar, sem consciência e luta

Mudanças climáticas não são eventos passageiros, como pandemias e enchentes

04.jul.2025 às 15h50
Porto Alegre (RS)
Heverton Lacerda e Lara Lutzenberger
Não vai passar, sem consciência e luta

Mudanças climáticas não são tragédias pontuais: são o sintoma de um sistema que precisa mudar. Catástrofe climática no Rio Grande do Sul em 2024 - Foto: Defesa Civil RS

Engana-se ou está mal informado quem ainda não acredita ou não sabe o que são as mudanças climáticas e o que elas representam. Quem diz não acreditar, está enganado ou busca desinformar. Quem não sabe não tem culpa, pois a desinformação negacionista prevalece nas redes sociais. Uma coisa é certa: há quem se beneficie com a desinformação climática, mas informações não faltam. Uma pista: o comando vem de cima.

Há mais de 50 anos, são distribuídos gratuitamente, aqui no Rio Grande do Sul inclusive, alertas sobre o risco de destruirmos o planeta. Mas o que é de graça não interessa ao mercado. Daí vêm as “soluções de mercado”, através das quais o dinheiro manda e não pede licença. É nesse cenário que vendem caro conceitos como “desenvolvimento sustentável” e pintam de verde estratégias como o mercado de carbono e as próprias conferências climáticas, com muito engodo. Pouco servem para resolver, de fato, o problema ecológico que afeta o clima. Afinal, o deus mercado precisa crescer, a qualquer custo, para fecundar PIBs de injustiças sociais, fiscais e climáticas, parindo o caos ecológico.

No início dos anos 1990, quando falava de consciência ecológica, Lutzenberger, o primeiro presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) e da Fundação Gaia, já alertava que o modelo de desenvolvimento que a sociedade industrial moderna impunha não tinha futuro. Ao menos, não um bom futuro. Mas que futuro é, ou seria, esse?

O próprio Lutz já havia respondido anos antes, quando, em 1976, escreveu o livro Fim do futuro? Manifesto Ecológico Brasileiro. Essa resposta passa, necessariamente, pela visão ecológica profunda, aquela que percebe, de forma holística, as partes e o todo, e como essas partes e esse todo se relacionam entre si e com outras partes e os outros todos, mantendo homeostase, o equilíbrio. A consciência ecológica nos permite identificar os nossos limites naturais e perceber as interdependências para, de forma inteligente, respeitar e manter os sistemas que regulam a vida. Sim, é complexo, mas é simples, ao mesmo tempo. Basta um pouco de boa vontade para refletir sobre isso, deixando o celular de lado por algumas horas.

“O futuro não está na megatecnologia, está na tecnologia intermediária”, dizia Lutz. “Não está no consumo desenfreado, está no uso frugal, com sentido, dos escassos recursos do planeta”, seguia ele, que foi muito além. Ora, essa ideia é abominada pelo deus mercado, pois, como ele vai crescer se não consumirmos todo o planeta para ele se empanturrar de lucros?

Lutzenberger não era um negacionista tecnológico nem defendia o retorno aos métodos primitivos de trabalho duro e consumo precário do camponês de 100 anos atrás. Ele era um pensador à frente do seu tempo que percebia aquilo que os povos originários já sabiam há milênios: que somos parte do planeta e devemos nos manter em sintonia com os princípios ecológicos que regem a vida. 

É por isso que o lema da Agapan continua atual, mesmo tendo mais de 50 anos. Ele mostra o caminho para decisões baseadas nos princípios da precaução e da prevenção. Se, em algum momento, surgirem dúvidas sobre qual decisão tomar na administração da coisa pública, em especial, escolha “A vida sempre em primeiro lugar”. Esse lema serve também para as nossas vidas privadas e em sociedade.

O problema é que nós já ultrapassamos alguns limites sensíveis. Agora, o nosso corpo planetário já está doente. O trato é outro. Precisamos nos curar. No texto A Febre de Gaia, do original Gaia’s Fever, de julho do ano 2000, traduzido pela sua filha Lilly, Lutzenberger explica, com certa fineza de detalhes, “a faixa de temperaturas nas quais a vida pode existir e florescer”. O fato que Lutz não soube – afinal, faleceu em 2002 – é que já ultrapassamos o primeiro limite de risco do aquecimento global identificado pela ciência: 1,5 Cº acima da média da era pré-industrial. E só se passaram 23 anos desde que ele passou a repousar em uma mata no campo pampeano da Fundação Gaia, em Rio Pardo. 

O dedo no botão

Vamos partir, aqui, da pista que demos logo no primeiro parágrafo para esclarecer sobre o dedo no comando, o que ordena ações antiecológicas e aponta o caminho rumo ao colapso do equilíbrio climático. Que a ordem vem de cima, já sabemos. Essa posição não está relacionada a referenciais físicos fixos, mas a posições de poder que remetem ao clássico paradigma da pirâmide socioeconômica.

Quem está na base, praticamente descalço, suporta o peso dos que estão no topo – com seus luxuosos caprichos de consumo sem limite – e sonha chegar no mesmo patamar. Usando uma referência econômica neoliberal, podemos afirmar que o cobertor é curto e que, nesse modelo, um dos extremos precisa ficar descoberto. Para quem já está descalço, ficar com pouco não é novidade. O topo só cogita replicar alguns fragmentos de seu cobertor dourado, na medida em que estes servirem para manter-lhe no topo. Eis a questão, que não é nova. Mas até quando, o planeta consegue dar suporte a hábitos que tudo querem e tudo consomem? O que precisamos e queremos fazer diante de um cenário mundial de loucura consumista generalizada? 

Lutzenberger dizia que “não é com apenas retoques no sistema existente que vamos garantir futuro para nossos filhos, netos e descendentes remotos”. Se retoques não bastam, então repetimos a pergunta: o que precisamos fazer? “Temos que repensar o sistema todo e reformá-lo, passo a passo, para que volte a ser sustentável”, respondia Lutz no início deste milênio. Mas quem vai repensar esse sistema? Seremos nós ou deixaremos que pensem por nós? Além de pensar, queremos e podemos fazer algo? Vamos pensando…

Enquanto isso, trazemos aqui alguns dados sobre a nossa pirâmide.

No topo da pirâmide socioeconômica, os 10% mais ricos da população mundial são responsáveis por 50% das emissões globais acumuladas de CO² na atmosfera, segundo dados de pesquisa de 2019 da Oxfam International e do Instituto Ambiental de Estocolmo (SEI, na sigla em inglês). Já os 50% mais pobres, que formam a base que sustenta essa pirâmide, respondem por apenas 8% do total de emissões. Ou seja, metade da população mundial ainda não contribui significativamente nas emissões globais. Portanto, o condomínio de luxo responsável pela maior geração de CO² é o mesmo onde habitam os tomadores de decisões.  

Aquela ponta “dourada” da pirâmide, que representa o espaço de poder onde as decisões mundiais são tomadas, está bem resguardada de nós, meros alicerces sociais. Entre nós e eles, há um miolo recheado de interesses que faz o papel de garantidor das leis deles para que nós cumpramos suas ordens. O modo mais prático de fazerem isso acontecer é através das já citadas “soluções de mercado”, venenos palatáveis que engolimos sem reclamar.

A retórica do desenvolvimento sustentável, por exemplo, como bem explica o ambientalista Francisco Milanez, ex-presidente e atual conselheiro e diretor científico da Agapan, foi uma subversão do conceito de Sociedade Sustentável, que emergiu nos anos 1980 através de Lester Brown. O mercado tenta colocar na mesma ordem de grandeza o que chamam, erroneamente, de tripé da sustentabilidade. Essa ideia de tripé, na estratégia marketeira do mercado, quer colocar a economia em pé de igualdade com os campos ambiental e social, muito mais amplos. Mas se vai além, tentando fazer acreditar que o pé, o fundamento ecológico, teria o mesmo tamanho diminuto da economia,  uma simples ferramenta do ambiental e do social.

A propósito, o próprio sentido de “Economia”, próximo ao de “Ecologia”, foi desvirtuado de seu sentido original. “Eco” vem do grego “oikos”, que se refere à casa/lugar. Nesse sentido, ecologia e economia são, respectivamente, o estudo e o cuidado/administração da casa ou, como diria o papa Francisco, da nossa casa comum. Mas isso é papo de ecochato, diria o mercado, sem conseguir refutar dignamente.

Outra solução de mercado digna de aplausos chochos por sua eficiência artística e retórica são as conferências climáticas, as COPs, verdadeiras vitrines verdes para governos e empresas. Se contarmos os encontros de nações para debater assuntos climáticos desde a Conferência de Estocolmo, realizada em 1972, temos mais de cinco décadas de oportunidades geniais para governos e empresas fazerem turismo internacional gastando muito dinheiro e poluindo, com mínimos avanços. 

Mas, então, para que tantas viagens… e um texto tão longo quanto este, se quase ninguém vai ler até o final e ainda vão retomar seus celulares e rotinas repletas de iscas mercadológicas?

A intenção é fazer o que fazemos desde que Lutz fundou a Agapan com seus companheiros ambientalistas: resistir ecologizando, pois essa é a única saída para um bom futuro para todos nós, principalmente para a base da pirâmide, que é a primeira a ser atingida.

Sem informações ecológicas e socialmente responsáveis, continuaremos acreditando que as mudanças climáticas são passageiras, tanto quanto pandemias e enchentes pontuais. Não são! Sem adoção de hábitos mais frugais e luta por acordos de mercado em patamar global subservientes ao social e ambiental, a crise não vai passar e rumamos para tempos piores, muito piores.

* Heverton Lacerda, jornalista, ambientalista e presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan); Lara Lutzenberger, bióloga e presidente da Fundação Gaia – Legado Lutzenberger.

** Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.

Editado por: Katia Marko
Tags: aquecimento globalfake newsmudanças climáticas
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