Durante a 17ª Cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro nesta semana, os chefes de Estado dos países integrantes do bloco decidiram avançar na discussão sobre a criação de um sistema alternativo ao Swift – principal rede global de pagamentos interbancários. A proposta foi debatida como parte da Iniciativa de Pagamentos Transfronteiriços do Brics, que tem o objetivo de facilitar transações mais acessíveis, rápidas e seguras entre os países-membros.
Segundo o documento final da cúpula (leia a íntegra), o grupo saudou o relatório técnico elaborado pela Força Tarefa de Pagamentos do Brics, que apresentou caminhos possíveis para garantir maior interoperabilidade entre os sistemas financeiros nacionais. A iniciativa busca fortalecer o comércio e o investimento entre os países do Sul Global, reduzindo a dependência de plataformas controladas por potências do Norte.
A articulação faz parte de um esforço mais amplo, que inclui também o uso do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o Banco do Brics, como incubadora de novos instrumentos financeiros. O banco, com sede em Xangai e comandado por Dilma Rousseff, foi citado como espaço estratégico para desenvolver garantias multilaterais e dar suporte institucional à nova plataforma de pagamentos proposta.
Outras medidas mencionadas na declaração – como a criação de sistemas regionais de resseguro, infraestrutura de liquidação e custódia, e o fortalecimento do Arranjo Contingente de Reservas (CRA) – apontam para a construção de um ecossistema financeiro próprio, articulado entre os países do Brics, sem necessidade de intermediação por estruturas ocidentais.
Trata-se de um passo concreto no projeto de desdolarização do comércio internacional, defendido há anos por China e Rússia, e agora formalmente incorporado às prioridades do Brasil na presidência do Brics em 2025. O sistema busca proteger os países do bloco contra sanções unilaterais e assegurar mais autonomia monetária e financeira.
Novo Banco de Desenvolvimento (NDB)
A declaração dos líderes também reconhece o papel estratégico do Novo Banco de Desenvolvimento como agente de modernização e desenvolvimento no Sul Global. O documento manifesta apoio à expansão do número de membros da instituição e reafirma a liderança da presidenta Dilma Rousseff à frente do banco.
A proposta de fortalecimento do NDB inclui a ampliação do financiamento em moeda local e o desenvolvimento de uma iniciativa de Garantia Multilateral como forma de reduzir riscos e estimular investimentos em infraestrutura. A medida é vista como fundamental para viabilizar o novo sistema de pagamentos transfronteiriços e consolidar a autonomia financeira do Brics.