Moradores do bairro Guarujá, na zona sul de Porto Alegre, se reuniram no sábado (5) ensolarado para cobrar medidas efetivas do poder púbico para os alagamentos recorrentes na região. As chuvas da última semana voltaram a inundar ruas da região, provocando apreensão na comunidade e revolta diante dos frequentes problemas de drenagem no bairro.
Na quinta-feira, o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) esteve no Guarujá para drenar a água que se acumulava na parte mais baixa do bairro. Segundo a Prefeitura, em duas horas de operação, o novo sistema de bombeamento móvel – que tem capacidade de tirar 111 litros de água, a cada segundo, das ruas – normalizou o fluxo de veículos e pedestres na área próxima às ruas Jacipuia e Oiampi.
O Município afirma, no entanto, que a solução definitiva para o problema passa pela concepção de um novo sistema de proteção contra cheias, contemplando os 50 quilômetros desprotegidos da orla do Guaíba, entre os bairros Cristal e Lami. O trabalho é conduzido, desde outubro de 2024, pela empresa Rhama.
Maria Cristina Nunez Abbud, 66 anos, moradora da rua Jacipuia, afirma que os moradores entendem que os estudos estão em andamento para implantação de um sistema de proteção no bairro, mas explica que a comunidade precisa de uma alternativa provisória até lá. “Nós sofremos com alagamentos desde 2012, sem precisar que o Guaíba chegue à cota de transbordamento”, afirma.

Cristina aponta ainda outros problemas que resultam no acúmulo de água: “Lotearam, o solo ficou impermeável e todo edificado. É uma água que não está sendo absorvida porque não existe mais a mata para fazer isso. E existe toda essa água pluvial que vem agora para uma área que não tem condições, não tem rede pluvial para suportar”, explica.
Embora o problema seja antigo, a moradora diz que a Prefeitura nunca deu atenção às demandas da comunidade. “Nunca tivemos visibilidade, depois que iniciou nossos movimentos de protestos e que chegamos na impressa, é que fomos atendidos”, afirma.
A medida emergencial utilizada na última quinta foi aprovada por Cristina. Ela explica que, nos alagamentos anteriores, a água levava mais de 30 dias para escoar. Também diz que o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) fez um mutirão para limpar o lodo fétido pós alagamentos. “Ficávamos mais de uma semana com o lodo nas ruas”, lembra. O desejo agora é que a solução chegue antes da próxima chuva e não quando a água já avança pelos pátios e residências.