A Esplanada dos Ministérios, em Brasília, foi tomada pelo orgulho e pela diversidade neste domingo (6). Com o tema “Juventude LGBT Periférica”, a 26ª Parada do Orgulho LGBT+ de Brasília reuniu milhares de pessoas. A concentração começou às 14h em frente ao Congresso Nacional.
O cortejo que tomou conta do Eixo Monumental teve início às 17h com shows de artistas conhecidas nacionalmente, como MC Naninha, MC Carol, Grag Queen e Irmãs de Pau.
Neste ano, o evento contou com oito trios elétricos e reuniu parlamentares da comunidade LGBT+. A deputada federal Érika Hilton (Psol-SP), o deputado distrital Fábio Félix (Psol-DF) e a 1ª suplente de deputada federal Ruth Venceremos (PT-DF) compareceram à manifestação.
“Que bom é poder ver essa Esplanada com a nossa diversidade, com as nossas cores e com a nossa presença. Nós estamos vivendo tempos profundamente assustadores no que se diz respeito à cidadania, à dignidade, aos direitos e à participação da comunidade LGBTQIAPN+”, desabafou Hilton.
Diversidade e inclusão
O coletivo Tybyra levou à esta edição o primeiro trio indígena LGBT+ para somar à luta. Participaram mais de 40 indígenas LGBT+ de diferentes territórios do país. O nome é em homenagem ao primeiro caso registrado de LGBTfobia no Brasil, Tybyra, indígena Tupinambá assassinado em 1614.
“Demarcar esse espaço é mostrar que os nossos corações, nossas mentes também estão abertas para construir juntos outras políticas públicas para os LGBT+ indígenas. Nós estamos aqui construindo juntos, a muitas mãos, um país com democracia que aceita e respeita os nossos modos de vida”, ressaltou o fundador do Coletivo Erisvan Guajajara.

É o segundo ano consecutivo que a artista drag queen Pikineia, produtora executiva do Instituto Pop Art, organização voltada à inclusão de artistas LGBT+ no espaço cultural, leva o seu trio à Parada de Brasília.
“Meu sentimento pelo segundo ano é só de amor, alegria, muita coisa boa. É aquele nervosismo, aquela ansiedade, aquela coisa gostosa que dá no coração da gente, mas é muita representatividade, é cor, é brilho, é som, é alegria. É o [público] LGBTQIA+ mais junto. Eu estou muito feliz”, relatou a fundadora do Trio da Piki.
Para a artista carioca MC Naninha, se apresentar no evento foi um sentimento único: “Não é a primeira vez [em Brasília], mas é a primeira vez na parada LGBT. A melhor que tem, a maior, né? Eu estou ‘passada’. Estou muito grata.”

Resistência histórica
Considerada a terceira mais antiga do país, a Parada de Brasília fica atrás apenas das de São Paulo e Rio de Janeiro. Foi criada em 1998 e em 2018 se tornou um festival. A iniciativa é realizada anualmente pelo coletivo Brasília Orgulho.
Pela terceira vez, a aposentada Luiza Júnior acompanhou a manifestação e acredita ser um lugar para expressar a diversidade.
“Eu gosto de vir. Acho que é um momento que as pessoas têm a possibilidade de se expressar, de se divertir. Brasília é muito seca em relação a isso. Tomara que esse povo vote nas pessoas certas para Brasília continuar melhor”, contou.
Emocionado ao participar da Parada pela terceira vez, o estudante Brayhon Alarcão diz que estar rodeado de pessoas diversas é um sentimento bom.
“É um sentimento de muita emoção, de muita felicidade. Porque é um lugar onde eu me sinto muito feliz. Tem muitas cores, tem pessoas de todos os gêneros, tipos e etnias. É uma coisa maravilhosa. É sempre muito bom estar com essas pessoas, porque as pessoas são vida”, declarou.
A 26ª edição do festival contou com uma programação extensa que incluiu atividades ligadas à literatura, esportes, moda, economia criativa, feira LGBT+, fotografia e outras expressões culturais.
Brasília tomada pelo arco-íris
Neste ano, pela primeira vez, foram hasteadas 110 bandeiras arco-íris em postes da Esplanada dos Ministérios, no Dia Internacional do Orgulho LGBT+, celebrado em 28 de junho. As flâmulas tiveram parte dos custos cobertos por doações de pessoas LGBT+ de várias regiões do país.
O objetivo da intervenção foi colorir a Esplanada como forma de resposta à negligência do Congresso Nacional em relação aos direitos da população LGBT+, e aos ataques promovidos por parlamentares conservadores.
Outros espaços de Brasília também foram decorados com as cores do orgulho, como a Biblioteca Nacional, as escadarias da Torre de TV, e as estações de metrô da Praça do Relógio e do Shopping.