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ARTIGO DE OPINIÃO

‘Agronejo’: entre bois e beats, terminamos comendo capim

‘Ouvir as músicas do agronejo corrobora para a consolidação de monoculturas que vão do roçado à moral'

09.jul.2025 às 16h36
Belo Horizonte (MG)
Agatha Azevedo
‘Agronejo’: entre bois e beats, terminamos comendo capim

O "sistema agro" foi projetado em músicas, novelas e propagandas ao longo da história, conformando uma defesa estética, simbólica e política com apoio dos veículos de comunicação, nas suas múltiplas construções narrativas.  - Foto: Canva

No ano de  2021, a música Os menino da pecuária, da dupla Leo e Raphael, alcançou o marco de 87 milhões de streams na plataforma de áudio Spotify e se tornou uma das mais ouvidas do Brasil. A partir desse momento, as músicas que misturavam a “agro-ostentação” com batidas de sertanejo, pop e eletrônica passaram a ser chamadas de “agronejo”.

O gênero, representado por nomes como Leo e Raphael, Ana Castela e Us Agroboy, traduz o agronegócio para o universo sonoro e difunde seu projeto político de forma lúdica e divertida, atingindo recordes de audiência. Com uma trilha sonora jovem e letras regadas a gado bovino, grãos transgênicos e maquinários agrícolas, o agronejo é um fenômeno do entretenimento que se posiciona de maneira mais explícita em favor do agro. 

Contudo, o agronejo não é uma expressão isolada, mas um remolde da invasão do agro na esfera cultural, adequando-o ao contexto individualista, conservador e neoliberal que temos vivenciado. Desde o seu surgimento, nos anos 70, o agronegócio visa gerar lucro e explorar a terra da maneira mais isenta possível, se preocupando mais com a própria imagem perante à opinião pública do que com as consequências do seu modelo produtivo. 

Disputa de imaginários

Para que esse formato de exploração da terra se consolidasse, era preciso convencer a sociedade de que o agronegócio não é apenas a “indústria-riqueza do Brasil” — como afirma a campanha publieditorial Agro é Pop, financiada pela Rede Globo — , mas a única forma de se produzir no campo. Esse processo ocorreu por meio da inserção no entretenimento (músicas, novelas e eventos culturais) e na associação da propaganda do agro com artistas de renome, especialmente da música sertaneja. 

Dessa forma, o “sistema agro” foi projetado em músicas, novelas e propagandas ao longo da história, conformando uma defesa estética, simbólica e política com apoio dos veículos de comunicação, nas suas múltiplas construções narrativas. 

Em outros tempos, personagens de novela difundiam um estilo de vida baseado no agronegócio de maneira sutil. A partir de 2021, o agronejo assume o papel de musicalizar as estratégias de convencimento e legitimação do agronegócio, servindo de soft power — ou poder suave, em bom português —  em uma disputa de modelos de campo e nação em curso no Brasil.

Com frases como “não é atoa que o PIB começa com P de pecuária”, e “quem é fã de cerveja e churrasco, pode acostumar com nóis”, as músicas do estilo agronejo trazem discursos que reduzem as possibilidades de divergência e/ou questionamento sobre o campo brasileiro. Esse processo tem como objetivo a manutenção de ordens vigentes e a consolidação de concepções hegemônicas por meio do apagamento do político das divergências. 

O parâmetro de valorização do campo no agronejo é a relação com o modo de vida urbano e a visão que a população da cidade tem do campo. A contradição está no movimento de afastamento da visão de campo como o lugar do caipira — atrasado e precário, segundo o agro — a partir da construção de um local artificial de ostentação — um campo que é “pop” —, com o objetivo de atrair o público urbano para a defesa do agronegócio. 

Os nossos gostos estão em disputa e têm a capacidade de influenciar nos hábitos de consumo e nos costumes morais das sociedades futuras. O apagamento das divergências de projeto de campo, reforçado pela cultura agro, tem a capacidade de alcançar dimensões concretas nas políticas públicas e nos governos. Em outras palavras, ouvir as músicas do agronejo corrobora para a consolidação de monoculturas que vão do roçado à moral e chegam ao nosso prato.  

Agatha Azevedo é jornalista, mestre e doutoranda em Comunicação Social pela UFMG. Pesquisadora nas áreas de comunicação, cultura e política e militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). 

—

Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal

—

Para conhecer mais elaborações sobre o tema, consultar:

AZEVEDO, Agatha de Souza. “O Brasil acredita no agronegócio?”: sentidos e representações do campo no projeto comercial da Rede Globo. In: Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, XXXXII, 2019 Belém. Anais Intercom, 2019.

AZEVEDO, Agatha de Souza e VIMIEIRO, Ana Carolina Soares Costa. “UMA FÁBRICA DE ENTRETENIMENTO”: a Agroplay na construção dos imaginários sociais do rural. In: 11° Congresso Compolitica, Pernambuco, 2025. 

CHÃ, Ana Manuela de Jesus. Agronegócio e indústria cultural: estratégias das empresas para a construção da hegemonia. São Paulo: Expressão Popular, 2018.

Editado por: Ana Carolina Vasconcelos
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