No final da tarde desta quinta-feira (10), um protesto convocado por movimentos sociais populares reuniu centenas de pessoas em frente à Bolsa Valores do Rio de Janeiro, na Praça XV. No dia seguinte do anúncio de Donald Trump de que os Estados Unidos (EUA) vão impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, a tônica do ato foi a defesa da soberania nacional.
Com o título “Brasil soberano”, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rebateu Trump em um texto publicado no site do Planalto e nas redes sociais, no qual reafirma a independência das instituições brasileiras e rechaça qualquer “ingerência ou ameaça” sobre o processo contra Jair Bolsonaro (PL) e outros acusados de golpe de Estado.
A posição enfática de Lula ao defender a soberania do Brasil repercutiu nos ato nesta quinta-feira (10). No Rio, manifestantes foram às ruas com a bandeira do Brasil e cartazes com a frase “Brasil dos brasileiros”, usada pelo presidente e o campo progressista em resposta ao imperialismo norte-americano.
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Ao Brasil de Fato, o presidente da Central Única dos Trabalhadores do Estado do Rio de Janeiro (CUT-Rio), Sandro Cezar, avalia que a medida de Trump coloca o Brasil no centro da construção de uma nova ordem a partir do Sul Global.
“Sempre nos trataram mal, sempre nos exploraram, mas agora resolveram fazer publicamente. Isso nos coloca em outro patamar. O Brasil, junto com os Brics, tem um papel importante nesse outro mundo que vai ser construído. E não é um mundo visto pelas lentes dos Estados Unidos da América, nem pelo Trump. O povo brasileiro rejeita o Trump e vai rejeitar também seus filhotes aqui no Brasil”, afirmou.
Mobilização
O protesto na Praça XV também pautou a justiça tributária a partir da taxação dos super-ricos e políticas que reduzam as desigualdades, como o fim da escala 6×1.
Para Tezeu Bezerra, diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), as reivindicações da classe trabalhadora serão atendidas por meio da mobilização popular.
“O plebiscito é uma forma do trabalhador se manifestar para que a gente consiga, de fato, a justiça social no nosso país. Hoje, tem trabalhador paga muito mais imposto do que o rico. Isso está errado, é sim uma luta de nós contra eles. Não tem como a gente fugir desse debate”, afirmou à reportagem.
Entre as palavras de ordem, “Congresso inimigo do povo” foi uma das mais repetidas ao longo da manifestação. Segundo pesquisa da AtlasIntel, 58% dos entrevistados apoiam a chamada “taxação BBB” — bilionários, bancos e bets, as casas de apostas online.
Na contramão, 70% dos parlamentares se opõem à PEC que acaba com a jornada de seis dias de trabalho seguidos com apenas um dia de descanso.