A Secretaria Adjunta de Desenvolvimento Social do Distrito Federal estipulou um prazo de quatro meses para que os assistentes sociais da Secretaria de Desenvolvimento (Sedes) façam compensação das paralisações realizadas em dias de assembleia.
Divulgado pela pasta na sexta-feira (4), o Memorando Circular nº 04/2025 gerou reação negativa na categoria. Em nota, o Sindicato dos Servidores e Empregados da Assistência Social e Cultural (Sindsasc) disse que a decisão é inédita na história da Sedes e escala a violência contra servidores. A organização irá judicializar a medida.
“Se essa postura da Sedes não for revista, estaremos diante da gestão mais opressora e antisservidor da história. Os nomes dos responsáveis por isso ficarão marcados, negativamente, por bastante tempo. Nossa categoria já enfrentou gestões opressoras, mas não a esse ponto. Por isso, num primeiro momento, a reação é de compreensível perplexidade “, diz parte do comunicado do sindicato.
Nesta quarta-feira (9), a diretoria do sindicato convocou uma reunião emergencial com os delegados sindicais para debater ações a serem tomadas diante da decisão do GDF. De acordo com a organização, foi decidido que nenhuma agressão ou ameaça seria tolerada.
Caso ocorra, resultaria na imediata suspensão dos atendimentos, a fim de evitar consequências mais danosas à integridade física e mental de servidores e usuários da assistência social.
Na avaliação do presidente do Sindsasc Clayton Avelar a decisão da pasta se baseia em “princípios antisservidor, opressor e explorador”.
“O aumento da agressão à categoria agora consiste na cobrança da compensação desses dias fora da greve. Os dias em que a categoria apenas procurou exercer o seu o direito constitucional de fazer a assembleia. E a Sedes, numa atitude inédita [tomou a decisão], isso jamais aconteceu na história dessa secretaria. Isso jamais aconteceu desde que a carreira foi criada em 1989”, desabafa.
O sindicato tem assembleia prevista para o próximo dia 5 para debater, além da medida da Sedes, outras reivindicações da categoria, como a fixação da jornada de 7h diárias e abertura do concurso público.
Falta de diálogo do governo
Outras categorias já denunciaram a falta de diálogo do governo Ibaneis e a crescente ‘judicialização’ dos movimentos sindicais. No mês passado, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) declarou a greve dos professores como abusiva, determinando multa de R$ 1 milhão por dia de paralisação. Situação similar enfrentam os enfermeiros, que acumulam quase R$ 800 mil em multas por paralisações anteriores.
Em junho, servidores públicos se reuniram em ato unificado em frente ao Palácio do Buriti, sede do governo distrital. As categorias presentes denunciaram a falta de diálogo do governo Ibaneis Rocha (MDB) e a crescente ‘judicialização’ dos movimentos sindicais.
Para a advogada Larissa Rodrigues, a medida da Sedes é outra tentativa do GDF de enfraquecer a luta sindical. “Essa orientação das Sedes é mais uma das iniciativas do GDF contra o direito de greve do servidor público para restringir e enfraquecer o movimento sindical, enfraquecer as pautas, reivindicações e luta dos trabalhadores por melhores condições de trabalho.”, destaca.
O Brasil de Fato DF procurou a Secretaria de Desenvolvimento Social do Distrito Federal (Sedes) para se pronunciar sobre a decisão. Até o presente momento, a pasta não se manifestou.