Dezenas de milhares de pessoas ocuparam a avenida Paulista, em São Paulo (SP), na noite desta quinta-feira (10) em ato pelo fim da escala 6×1 e taxação dos super-ricos. O ato ganhou força com a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar os produtos brasileiros em 50%, o que fez com que o tema da soberania nacional entrasse na pauta.
“Ele [Trump] disse que a gente está promovendo no Brasil uma caça às bruxas. Nós estamos caçando é golpistas safados. É isso que o Judiciário brasileiro está procurando, com todas as formas comprovar e prender golpistas”, disse Nilza Pereira, secretária-geral da Intersindical, para o aplauso da multidão presente.
“Estamos nas ruas para dizer que bilionário, banqueiro e bets têm que pagar, sim, têm que ser taxados sim”, afirmou Ediane Maria, deputada estadual por São Paulo e militante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). “Quando a classe trabalhadora, quando uma mulher preta, quando uma mãe solo, quando um professor, quando uma diarista, quando um empregado doméstico, quando um sem-teto tiver direito nesse país, aí sim nós estaremos trabalhando pela reparação histórica.”
Na multidão, a comerciante Jane Patrícia defendeu a bandeira da soberania nacional. “Enquanto a gente está aqui trabalhando, se esforçando para ter um país melhor, o filho do Bolsonaro, junto com o Bolsonaro, está em outro local lá contra o nosso país“, lamentou, lembrando da participação de Eduardo Bolsonaro, deputado federal licenciado que está nos Estados Unidos, onde elogiou o aumento da taxação de produtos brasileiros. Ela afirmou que foi para a rua pelo “orgulho de ser brasileira, o orgulho de ter um presidente que não é submisso”.
A militante do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) Daniela Aparecida também esteve presente na manifestação e frisou a importância da luta pela redução da jornada de trabalho para as mulheres. “O MAB é feito de mulheres trabalhadoras, que não veem seus filhos crescer, que trabalham na escala de 6×1, então nós estamos aqui por fim da escala 6×1”, explicou.

Recebida com muita celebração pelos manifestantes, a deputada Érika Hilton (Psol-SP) ressaltou que a taxação anunciada pelo presidente estadunidense é “uma medida política, e que nada tem a ver com economia”. “Temos deputados licenciados querendo destruir o nosso país e a nossa soberania”, disse ao Brasil de Fato.
Sobre o carro de som, Hilton destacou a relevância das pautas centrais da manifestação. “Nós vamos lutar pelo fim da escala 6×1, nós vamos lutar pela taxação das grandes fortunas. Nós queremos que os milionários paguem essa conta, essa conta não é do povo”, disse.
Para a deputada federal Sâmia Bonfim (Psol-SP), o ato é histórico. “É o movimento social e a esquerda voltando para a ofensiva e também é histórico pelo momento político que a gente está vivendo. Um ato massivo, à altura da gravidade do que aconteceu nos últimos dias, com uma ameaça e de fato uma sanção imposta pelo Donald Trump”.
Outros atos
Manifestações semelhantes foram realizadas em outras cidades brasileiras. Em Porto Alegre (RS) a concentração aconteceu na manhã desta quinta na Esquina Democrática. O tom do ato foi a defesa da soberania nacional. A mobilização também tratou das pautas do Plebiscito Popular 2025, como a taxação dos super-ricos, justiça social e redução da jornada de trabalho.
O ato também teve urna para a coleta de votos do Plebiscito Popular 2025. A iniciativa busca promover a discussão sobre temas como a redução da jornada de trabalho sem redução salarial, a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a taxação dos super-ricos. Além disso, foi lançado o plebiscito sobre a privatização do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae).
No Rio de Janeiro (RJ), centenas de pessoas se reuniram no fim da tarde na Praça XV. Mais uma vez, a tônica foi a defesa da soberania. O protesto na também pautou a justiça tributária a partir da taxação dos super-ricos e políticas que reduzam as desigualdades.
Entre as palavras de ordem, “Congresso inimigo do povo” foi uma das mais repetidas ao longo da manifestação. Segundo pesquisa da AtlasIntel, 58% dos entrevistados apoiam a chamada “taxação BBB” — bilionários, bancos e bets, as casas de apostas online.