Os filmes Nós, Adolescer e Ciranda Encantada estão entre os 147 exibidos na 20ª Mostra de Cinema de Ouro Preto (CineOP), que aconteceu entre os dias 25 e 30 de junho, na cidade mineira. O diferencial dessas produções, em relação às demais apresentadas, é que foram criadas e realizadas, em processos coletivos, por pessoas atingidas pelo crime da Vale em Brumadinho.
As obras foram elaboradas durante as oficinas de comunicação popular realizadas pela Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (Aedas) da região do Rio Paraopeba, uma das assessorias técnicas independentes (ATI) que atuam no território impactado pelo rompimento da barragem em 2019, com enfoque nos municípios de Brumadinho, Betim, Mário Campos, São Joaquim de Bicas, Igarapé, Juatuba e Mateus Leme.
Segundo Leandro Damasceno, um dos diretores do filme Nós e atingido de Brumadinho, a ocupação desses espaços é fundamental para reafirmar a importância das histórias das famílias.
“É uma honra participar da Mostra de Cinema de Ouro Preto, especialmente na mostra que busca refletir cinema como patrimônio. Quando falamos de cinema como patrimônio, falamos em preservar, mas não só objetos. Queremos preservar memórias, histórias e vozes”, diz.
Além da exibição, a coordenadora de comunicação do projeto, Elaine Bezerra, participou do debate Filme memória – realização audiovisual na luta pela reparação das pessoas atingidas da Bacia do Paraopeba, tratando sobre o processo de produção das obras.
Para o comunicador da entidade João Paulo Dias, que participou das oficinas que culminaram nos filmes, o projeto ajuda no fortalecimento da memória coletiva.
“Nosso projeto evidencia a memória dos atingidos da bacia do Paraopeba por meio de suas imagens de afeto e do seu histórico de resistência no território. A circulação de filmes feitos por crianças, jovens e adultos é um passo importante no fortalecimento da memória dessas comunidades e no processo de luta pela reparação integral”, pontua.
Os curtas chegaram às telonas inseridos na Mostra Educação, com destaque na programação focada no tema “Lugares de memória: acervos e acessos”, que destacou experiências de diálogo entre o audiovisual e a educação a partir das comunidades e territórios, em diversas formas de experimentação sonora e imagética.
Conheça os filmes
‘Adolescer’ acompanha a jornada de adolescentes pertencentes a comunidades atingidas pelo rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho. A narrativa poética explora de que forma as memórias do crime afetam o processo de adolescer e como eles, apesar disso, com resiliência, seguem na luta pela reparação.
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Já o filme ‘Nós’ propõe uma reflexão sobre o lugar e o território, a partir de fotografias que revelam o passado, o presente e a esperança de um futuro com justiça para as pessoas atingidas pelo desastre-crime da Vale na bacia do Rio Paraopeba.
Por fim, em ‘Ciranda encantada’, somos apresentados ao relato de crianças atingidas, que compartilham a importância da ciranda infantil na transformação de suas vidas, oferecendo momentos de alegria, novas amizades e a chance de resgatar a infância, por meio do brincar e da conscientização sobre os seus direitos.
Essas e outras produções audiovisuais do projeto estão disponíveis no Youtube.