“Qual a história que ninguém te conta? Pergunta ao tambor e virá a resposta”. É com essa frase que o documentário O Som das Batucadas Populares começa. O curta, dirigido por Alexandre Pinto e feito por várias mãos, retrata as diversas batucadas populares que existem no estado de Minas Gerais e o papel das mesmas em diferentes contextos, territórios e linguagens musicais.
Por meio de depoimentos, registros e pesquisas, o filme exibe o papel social que as batucadas exercem em suas comunidades e como se organizam na atuação política. Daniel Veentura, militante do Levante Popular da Juventude e membro da batucada do movimento, conta sobre o impacto dos grupos de percussão e como eles podem ser um instrumento para motivar o povo a se organizar politicamente.
“A luta pode ser feita com alegria. Dessa maneira, a gente atinge as pessoas de uma forma muito surpreendente, porque as pessoas estão perdendo a esperança, tendo em vista o nosso atual momento, e, quando as pessoas vêem que a cultura também é uma forma de luta, elas também começam a se organizar”, afirma, em entrevista ao Brasil de Fato MG
Diversidade
O documentário busca também retratar a diversidade presente nas diferentes batucadas de Minas Gerais. Por isso, o filme conta com nove entrevistas com lideranças das batucadas populares mineiras, buscando explorar o significado dos grupos para diferentes realidades.
“Dos blocos de Congado às atléticas universitárias; dos movimentos populares de juventude às batucadas populares que se organizam para fazer luta; dos blocos LGBTQIAPN+ aos blocos de afromineiridades, o documentário entrevista representantes de nove coletivos que usam a percussão como ritmo para abrir o caminho da vida”, diz a direção do filme.
Todos são bem-vindos a participar e aprender com os coletivos percussivos, até mesmo os que têm menos aptidão com a música, diz Veentura.
“A batucada representa coletividade, companheirismo e a ideia de que todo mundo pode ser capaz de aprender, independente da idade ou da aptidão com música e até mesmo da coordenação motora”, defende.
O jovem, que entrou para a batucada do Levante em 2015, conta que, desde o início, o sentimento era de que seu som era especial. Nesse processo, ele descobriu novos potenciais, como o de ensinar outras pessoas.
“A batucada me trouxe o sentimento de ter um som especial. Me fez mais alegre e me mostrou potenciais que eu não imaginava que tinha, inclusive o de ensinar”, diz.
Arlana Dias, de Juiz de Fora, na Zona da Mata Mineira, professora e integrante do bloco afro Ilú Axé Muvuka, conta que a música tem papel fundamental para a perpetuação da cultura e história afro-brasileira, tendo em vista que muito dessa tradição é passada de geração a geração de forma oral.
“Normalmente, a cultura afro é passada de forma oral. E a música é algo que cativa e que grava na gente. Então, juntar essas duas coisas em um grupo, em um coletivo, é algo de suma importância. Por meio dos toques, das músicas autorais, das músicas que a gente pega de outros blocos e vai passando, vamos perpetuando a nossa cultura e a nossa história”, explica.
O filme está disponível de forma gratuita e pode ser acessado por meio deste link.