Alto Paraíso de Goiás, em pleno coração da Chapada dos Veadeiros, será o cenário da 17ª edição da Aldeia Multiétnica, evento que promove uma imersão nas culturas indígenas de todo o Brasil. De 11 a 20 de julho, a aldeia se torna um ponto de encontro onde diversos povos originários compartilham tradições, saberes e lutas, oferecendo aos visitantes uma experiência profunda e transformadora, envolvendo a disseminação dos saberes ancestrais e sagrados, e uma conscientização sobre a luta dos povos indígenas, sua cultura e importância socioambiental.
O evento, realizado pela Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge em parceria com o Centro de Estudos Universais (AUM), é muito mais que um simples festival. “Nesses 17 anos criamos um grande encontro de diferentes povos indígenas que vêm de praticamente todas as regiões do Brasil para mostrar suas filosofias, formas de vida, campos e rituais”, afirma Juliano George Basso, coordenador da Aldeia Multiétnica.
Este ano, a programação conta com shows, oficinas e rodas de conversa que exploram desde as danças e cantos tradicionais até debates sobre a luta dos povos indígenas. “É uma forma das pessoas participarem e se sensibilizarem, aprendendo um pouco mais sobre os povos indígenas, suas culturas, suas lutas”, explica Basso.
Durante a Aldeia Multiétnica, participantes têm a chance de imergir na cultura indígena por meio de atividades diárias. Cada dia será dedicado a um povo indígena, que tomará conta da programação, compartilhando suas tradições através de danças, cantos, gastronomia e pintura corporal. Entre os povos representados estarão os Kayapó Mebengokre (PA), Kariri Xocó (AL/DF), Xavante (MT), Krahô (TO), Guarani Mbyá (SC), Xingu (MT) e Fulni-ô (PE). “Cada povo tem sua própria filosofia, e isso é o que faz a Aldeia ser tão rica, porque trazem um pedaço de sua história e resistência”, diz Basso.
Além disso, a programação inclui oficinas e debates que abordam desde questões sobre a preservação dos territórios tradicionais até o fortalecimento da cultura indígena diante dos desafios contemporâneos. Para a coordenação do evento, é um momento de reflexão e aprendizado tanto para os povos indígenas quanto para o público não-indígena, que tem a oportunidade de ouvir diretamente de quem vive essa realidade.
Encontro na Aldeia
A experiência da Aldeia não para na vivência cultural: ao longo do evento, o público também poderá conferir shows de artistas renomados que se apresentam durante o Encontro na Aldeia, nos dias 19 e 20 de julho. Entre as atrações, destacam-se Tainara Takua, Djuena Tikuna, Owerá, Tribo de Jah e Lenine, que se apresenta no encerramento. Este ano, a diversidade musical será celebrada com um encontro entre diferentes ritmos e estilos, refletindo a riqueza cultural dos povos indígenas e de artistas consagrados da música brasileira.
Tainara Takua, uma das vozes indígenas mais promissoras da cena contemporânea, apresentará seu álbum NHE’EN MBORAÍ ETE (Espírito do Canto Sagrado), uma obra que mistura a força espiritual do povo Guarani Mbyá com a música popular brasileira. “Minha música é uma travessia entre mundos, do sagrado ao cotidiano, do ancestral ao moderno. É um convite para o público se conectar com a minha terra e minha história”, afirma Tainara.
Além dela, o rapper Owerá, que canta na língua Guarani Mbya, também se apresentará com músicas que expressam a luta dos povos indígenas, a resistência e a preservação da terra. “A música é uma arma poderosa para dar voz à nossa luta. Cada rima que eu canto é uma defesa do nosso território e da nossa cultura”, diz Owerá.

A noite de 19 de julho será encerrada com a Tribo de Jah, uma das maiores bandas de reggae do Brasil. Já no domingo, 20 de julho, a programação será marcada pelo show de Djuena Tikuna, cantora originária da Amazônia, que traz em sua voz as raízes e a resistência de seu povo. Ela canta em sua língua materna, reafirmando a importância da preservação das tradições. “Minha música é um grito da floresta, um chamado para que o mundo ouça a nossa voz e entenda o nosso sofrimento e nossas lutas”, afirma Djuena. O show de encerramento fica a cargo do cantor pernambucano Lenine.
O evento também oferece ao público a chance de explorar as belezas naturais da Chapada dos Veadeiros, região reconhecida como Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco.
“Aqui, buscamos criar uma referência para a união entre os povos indígenas, permitindo que as novas gerações também possam viver essa troca de saberes e fortalecer as lutas por justiça social, ambiental e cultural.”, finaliza Basso.
Como participar
A Aldeia Multiétnica oferece diversas opções para quem deseja vivenciar de perto esse mergulho cultural. É possível se inscrever para a vivência completa de 4 a 9 dias, com diferentes opções de hospedagem, ou adquirir ingressos diários para visitar a programação, que inclui atividades culturais e acesso às trilhas da Chapada. Para quem deseja aproveitar os dois últimos dias, o ingresso para o Encontro na Aldeia também pode ser adquirido separadamente.
Mais informações sobre ingressos estão disponíveis no site da Aldeia.