Dois policiais militares foram presos por matar um suspeito rendido durante ação na favela de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo (SP), na quinta-feira (10). Segundo o coronel Emerson Masseira, chefe da comunicação da PM, imagens das câmeras corporais indicam que a ação dos agentes foi ilegal.
Em entrevista à imprensa nesta sexta-feira (11), ele explicou que os disparos foram efetuados “sem nada que os justificasse”. “O homem já estava rendido quando os policiais efetuaram os disparos. (…) A ação dos policiais foi ilegal”, atestou.
A noite de quinta-feira foi marcada por manifestações em reação à operação policial.
A incursão da PM em Paraisópolis terminou com dois homens mortos e um sargento da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) baleado em duas ocorrências diferentes relacionadas à suspeita de tráfico de drogas no local.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que as duas ocorrências são investigadas pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), por meio de inquérito policial.
Histórico de excessos e ilegalidades
No último dia 4, outro policial foi preso em flagrante na capital paulista. O agente matou um jovem negro que corria para pegar ônibus na Estrada Ecoturística de Parelheiros, no extremo sul da cidade. O boletim de ocorrência fala em “erro de percepção” do PM.
O policial foi solto após pagar fiança de R$ 6,5 mil e responderá ao processo em liberdade.
Outros casos recentes têm colocado a PM da gestão do governador Tarcísio de Freitas e do secretário Guilherme Derrite em evidência devido aos excessos e ilegalidades praticadas durante as operações.
Em 2024, ao menos quatro casos de violência policial cometida por agentes do estado ganharam ampla repercussão:
Motociclista arremessado da ponte
Um policial militar das Rondas Ostensivas com Apoio de Motos (Rocam) arremessou um homem do alto de uma ponte na Vila Clara, zona sul da capital paulista, no dia 2 de dezembro de 2024.
O vídeo da ação mostra quatro policiais do 24º Batalhão da Polícia Militar, em Diadema, durante a ação. Um deles levanta uma moto, em seguida dois outros aparecem. Por fim, um quarto policial chega segurando a vítima e a joga da ponte.
Estudante morto na Vila Mariana
Marco Aurélio tinha 22 anos à época e foi morto com um tiro à queima-roupa, por volta das 2h50 do dia 20 de novembro de 2024, na escadaria de um hotel localizado na Rua Cubatão, na região da Vila Mariana, zona sul de São Paulo. O tiro partiu de um policial que participava da abordagem ao estudante.
Gabriel Renan da Silva, executado pelas costas
O jovem negro Gabriel Renan da Silva Soares, de 26 anos, foi executado pelas costas com ao menos oito tiros no dia 3 de novembro de 2024, ao tentar furtar três pacotes de sabão no mercado Oxxo. O crime ocorreu na avenida Cupecê, na zona sul de São Paulo.
Morte do menino Ryan, de 4 anos
Ryan da Silva Andrade Santos estava brincando na calçada, quando foi atingido por um disparo no abdômen em 5 de novembro de 2024, em Santos (SP). Sete policiais envolvidos na ação foram afastados das ruas na ocasião, mas já retornaram ao trabalho.
