Dados do Censo 2022 mostram que mais de 11,8 milhões de pessoas residem em Unidades de Conservação (UCs) no território nacional. Essas áreas são legalmente constituídas para proteção da diversidade biológica, das espécies ameaçadas e de recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, além de focarem na restauração dos ecossistemas e na promoção do desenvolvimento sustentável.
De acordo com as informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (11), o número de UCs no Brasil é de 2.365. Em mais da metade não há população residente. As 1.138 que contam com moradores e moradoras estão distribuídas em 1.375 municípios de todas as regiões.
A maioria dessas pessoas vive em áreas urbanas (78%), enquanto 21,29% estão em zonas rurais. A proporção de urbanização nas UCs é ligeiramente inferior à média nacional, onde 87,41% da população habita áreas urbanas. O Censo revela que quatro em cada dez habitantes das UCs enfrentavam precariedades em serviços básicos de abastecimento de água, rede de esgoto ou coleta de lixo no período em que a pesquisa foi realizada.
Em mais de 7% dos domicílios, as famílias lidam simultaneamente com todas as formas de carência infraestrutural. O cenário é mais crítico nas áreas rurais, onde o índice alcança 31,33%, ante 0,88% nas urbanas. O resultado geral confirma a inequidade, com 86,82% da população rural afetada por pelo menos uma dessas questões, contra 27,90% nas urbanas.
Mais de 87% da população que vivia nas UCs em 2022 tinha água encanada. Especificamente nas áreas urbanas, o resultado chegou a 94,5% e nas rurais ficou em 61,53%. O esgotamento sanitário adequado foi observado em 63,94% dos casos, o que inclui rede geral ou fossa séptica. Nos ambientes urbanos, o índice foi 74,77%, muito superior ao patamar rural, de 23,48%.
Quem vive nas Unidades de Conservação?
O Censo mostrou que a composição demográfica nas UCs espelha a diversidade brasileira, com predominância de pessoas pardas (51,12%), seguidas por brancas (35,82%), pretas (11,92%), quilombolas (2,39%), indígenas (1,12%) e amarelas (0,30%). Entre esses grupos, os indígenas e quilombolas são os que mais convivem com precariedades na rotina.
Mais de 7% do total de indígenas do Brasil viviam em UCs, o que corresponde a quase 133 mil pessoas. Nesses domicílios, sete em cada dez enfrentam precariedades sanitárias e 33,47% acumulam todas as carências simultâneas. No caso da população quilombola, 21,22% residiam nesses locais, mais de 282 mil pessoas. Quase 70% estavam em áreas rurais e mais de 88% conviviam com algum tipo de precariedade.
A faixa etária sugere queda na fecundidade nas últimas décadas. Há predominância masculina abaixo dos 30 anos e a presença feminina está, em média, acima dessa faixa etária. A população é mais jovem que a média nacional, especialmente nas áreas rurais. A taxa de alfabetização da população acima de 15 anos nas UCs é de 91,16%, abaixo da média nacional (93%). O analfabetismo atinge 8,84% dos residentes, com picos de 18,57% nas áreas rurais e 31,78% entre idosos com mais de 75 anos. Nas zonas urbanas das UCs, o índice geral cai para 6,33%.