Em 2025, Sebastião Bernardes de Souza Prata, o Grande Otelo, completaria 110 anos. Ator, comediante, cantor, produtor e compositor, sua trajetória é um marco na cultura brasileira, atravessando décadas e gêneros cinematográficos – das chanchadas ao Cinema Novo, do marginal ao experimental.
A edição deste sábado (12) do Bem Viver , programa do Brasil de Fato, traz a história do artista, feita não apenas de glórias, mas de resistência contra o racismo estrutural que tentou confiná-lo a estereótipos.
Nascido em 1915, Otelo enfrentou as barreiras do preconceito para se consolidar como um dos maiores nomes do audiovisual brasileiro. Sua carreira plural – que incluiu trabalhos internacionais com diretores como Orson Welles, Marcel Camus e Werner Herzog – foi marcada pela constante luta contra os limites impostos aos artistas negros.
“O artista negro tem que ser o dobro de bom”, costumava dizer, sintetizando a exigência desproporcional que pesava sobre seus ombros. Essa frase ecoa até hoje, revelando as desigualdades persistentes no cenário cultural brasileiro.
Em junho de 2025, o Cine Humberto Mauro, em Belo Horizonte, acolheu a mostra “Intérprete do Brasil – Uma Homenagem a Grande Otelo”, realizada pela Fundação Clóvis Salgado em parceria com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). A iniciativa exibiu 37 filmes que revelavam a pluralidade do artista, desde clássicos das chanchadas até obras do Cinema Novo, reforçando seu lugar central na cultura brasileira.
A arte de “rasgar” os estereótipos
Como destacou o cineasta e pesquisador Fábio Rodrigues Filho, curador da mostra, no documentário “Tudo que é apertado, rasga” (2019), o ator não se limitou a desempenhar papéis – ele os transformou.
“A história do ator negro no cinema brasileiro é uma história de ausências e violências, marcada por estereótipos, mas também por tentativas de subversão. Otelo rompeu com o que lhe era esperado, com os lugares que lhe foram destinados”, analisa Rodrigues Filho.
Para Tatiana Carvalho, presidente da Associação de Profissionais do Audiovisual Negro (APAN), a importância de Otelo vai além das telas: “Ele nos ajuda a entender o que é o Brasil. Condenado a papéis estereotipados, conseguiu criar linhas de fuga com seu talento, mostrando o quanto o racismo empobrece nossa cultura”, reflete.
A mostra em Belo Horizonte reforçou o quanto a trajetória de Grande Otelo permanece atual. O legado do artista escancara dilemas ainda não superados – como a falta de oportunidades e a perpetuação de estereótipos racistas no audiovisual.
Ao lembrar seu percurso, fica o desafio: como honrar sua memória transformando o cinema brasileiro atual? Como disse o próprio artista: “O que é apertado, rasga”. E ele, com seu talento inigualável, rasgou as amarras que tentaram contê-lo – deixando um caminho a ser seguido.
E tem mais…
O Bem Viver traz também a Feira da Agricultura Familiar e Economia Solidária que celebra a resistência de quem planta na região de Crateús, sertão do Ceará.
Também no estado, a Escola Família Agrícola Dom Fragoso rega os sonhos de quem vai colher o futuro. Os filhos e filhas dos agricultores aprendem o valor da terra, da comunidade e da luta.
Tem mais agroecologia na Bahia! O Armazém das Plantas dá um salve da campanha “Plantas Árvores, Colher Alimentos Saudáveis” do Acampamento Terra Nossa.
E tem receita com sabor de infância, Gema Soto ensina um delicioso doce de graviola.
Quando e onde assistir?
No YouTube do Brasil de Fato todo sábado às 12h55, tem programa inédito. Basta clicar aqui.
Na TVT: sábado às 13h; com reprise domingo às 6h30 e terça-feira às 20h no canal 44.1 – sinal digital HD aberto na Grande São Paulo e canal 512 NET HD-ABC.
Na TV Brasil (EBC), sexta-feira às 6h30.
Na TVE Bahia: sábado às 12h30, com reprise quinta-feira às 7h30, no canal 30 (7.1 no aparelho) do sinal digital.
Na TVCom Maceió: sábado às 10h30, com reprise domingo às 10h, no canal 12 da NET.
Na TV Floripa: sábado às 13h30, reprises ao longo da programação, no canal 12 da NET.
Na TVU Recife: sábados às 12h30, com reprise terça-feira às 21h, no canal 40 UHF digital.
Na UnBTV: sextas-feiras às 10h30 e 16h30, em Brasília no Canal 15 da NET.
TV UFMA Maranhão: quinta-feira às 10h40, no canal aberto 16.1, Sky 316, TVN 16 e Claro 17.
Sintonize
No rádio, o programa Bem Viver vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 7h às 8h, com reprise aos domingos, às 10h, na Rádio Brasil de Fato. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo. Além de ser transmitido pela Rádio Agência Brasil de Fato.
O programa conta também com uma versão especial em podcast, o Conversa Bem Viver , transmitido pelas plataformas Spotify, Google Podcasts, iTunes, Pocket Casts e Deezer.
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