Ataques israelenses mataram pelo menos 59 palestinos neste domingo (13) na Faixa de Gaza, informou a Defesa Civil do enclave costeiro, enquanto as negociações indiretas entre Israel e o Hamas chegam a uma semana sem um acordo de trégua. Ambos os lados se acusam mutuamente de obstruir as negociações iniciadas em 6 de julho em Doha, mediadas por Catar, Egito e Estados Unidos.
O porta-voz do corpo de resgate, Mahmoud Basal, afirmou que entre as vítimas estão mulheres e crianças mortas em ataques a casas na Cidade de Gaza. Outro ataque israelense, desta vez envolvendo um drone, teria atingido um ponto de distribuição de água potável em uma área para deslocados perto do campo de refugiados de Nuseirat, matando dez pessoas, incluindo oito crianças.
“Fomos acordados pelo estrondo de duas grandes explosões. Vimos nosso vizinho, Abu Yihad al-Arbid, e seus filhos sob os escombros de sua casa bombardeada”, disse Khaled Rayan, morador de Nuseirat, à AFP.
“O que digo a todos os negociadores é que o que está acontecendo conosco nunca aconteceu na história da humanidade (…). Já chega”, acrescentou Mahmoud al-Shami, outro morador da região.
A situação causada por Israel em Gaza é catastrófica e a grande maioria da população palestina do enclave, que tem mais de dois milhões de habitantes, foi forçada a se mudar mais de uma vez. No sábado, sete agências da ONU alertaram em um comunicado conjunto que a escassez de combustível em Gaza atingiu “níveis críticos” e pode representar “um novo fardo insuportável para uma população à beira da inanição”.
Mais de 57.800 palestinos, a maioria civis, mulheres e crianças, morreram nas operações de retaliação do Exército israelense em Gaza, segundo dados do Ministério da Saúde do governo liderado pelo Hamas, considerados confiáveis pela ONU. Todos os dias, a Defesa Civil registra dezenas de mortes em bombardeios israelenses. Imagens da AFP mostram regularmente restos mortais sendo levados para hospitais, incluindo de crianças.
Preparação para o exílio
No sábado, uma fonte palestina próxima às negociações indicou à AFP que o Hamas rejeita “completamente” o plano israelense que, segundo ele, prevê a “manutenção de suas forças em mais de 40% da Faixa de Gaza”. As negociações em Doha enfrentam “obstáculos e dificuldades”, disse a fonte à AFP, enfatizando a “insistência de Israel” nesse plano.
Segundo a fonte, o objetivo de Israel é “aglomerar centenas de milhares de deslocados” no sul da Faixa de Gaza, “em preparação para um deslocamento forçado da população para o Egito ou outros países”. Em resposta, uma autoridade israelense acusou o Hamas na noite de sábado de se recusar a “fazer concessões” e de travar “uma guerra psicológica com o objetivo de sabotar as negociações”.
Uma segunda fonte palestina, no entanto, falou em “avanços” em relação à entrada de ajuda humanitária em Gaza e à troca de prisioneiros.
“Israel demonstrou sua disposição de ser flexível nas negociações”, disse a autoridade israelense na tarde de sábado.
A mídia local noticiou que outro plano para a retirada das tropas israelenses poderia ser apresentado em Doha neste domingo. Israel exige destruir o Hamas em Gaza e, alegadamente, recuperar seus prisioneiros. Em Tel Aviv, milhares de manifestantes se reuniram, como fazem todos os sábados à noite, para exigir a devolução dos prisioneiros.
“A janela de oportunidade para devolver todos para casa está aberta no momento, mas não será assim por muito tempo”, alertou o ex-cativo Eli Sharabi.
Tentativa de ajuda
Um novo barco da Coalizão Flotilha da Liberdade partiu da Sicília com destino a Gaza, carregado com ajuda humanitária e ativistas pró-palestinos. O objetivo é levar solidariedade e suprimentos essenciais à população palestina, após 21 meses de genocídio cometido por Israel.
O barco, chamado Handala, navegará por cerca de 1.800 km pelo Mediterrâneo, levando suprimentos médicos, alimentos, equipamentos para crianças e medicamentos.