No último domingo (13), agentes da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) do Rio realizaram uma ação de ordenamento na tradicional Feira da Glória, na zona sul. O objetivo, segundo a pasta, era organizar o espaço público e garantir uma convivência harmoniosa entre feirantes e pedestres. Não houve registro de apreensão de mercadorias ou estruturas.
A ação, no entanto, causou revolta nos comerciantes de gastronomia que foram pegos de surpresa ao serem impedidos de montar suas barracas no domingo de manhã. Segundo relatos, não houve aviso prévio.
Guilherme Brainer, da barraca de colunária Risoto do Seu Zé, publicou um vídeo nas redes sociais ao lado de outros feirantes. “Estamos no escuro sem saber se haverá um próximo domingo. Lutamos há anos por uma legalização e organização que nunca aconteceu!”, comentou.
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Em nota, a Seop afirmou que foram retiradas as barracas que seriam instaladas sobre a calçada da Avenida Augusto Severo, em áreas que “extrapolam o traçado para a feira livre”. Fotos divulgadas pela pasta mostram que algumas estruturas comprometiam o canteiro central e até mesmo um ponto de ônibus.
Reações
A ação de ordenamento da prefeitura também foi alvo de críticas de parlamentares. A deputada estadual Renata Souza (Psol) afirmou que trabalhadores foram surpreendidos ao serem impedidos de montar suas barracas no último domingo (13).
“O projeto higienista de Eduardo Paes ignora quem vive do trabalho cultural e gastronômico. Irei oficiar a Prefeitura do Rio exigindo esclarecimentos e abertura imediata de diálogo com os trabalhadores. Reorganização excludente e um ataque direto aos trabalhadores!”, pontuou Souza.
A feira da Glória foi declarada Patrimônio Histórico, Cultural e Imaterial do Estado do Rio. A proposta da deputada estadual Verônica Lima (PT) havia sido aprovada na Assembleia Legislativa (Alerj) e foi sancionada pelo Governador Cláudio Castro no início deste mês. Considerada a maior do Rio de Janeiro, acredita-se que a feira livre exista há mais de 100 anos no bairro.
“Meu mandato está atento às notícias da ação da Seop que impediu hoje [domingo] que diversos feirantes trabalhassem na Feira da Glória. A Feira é um patrimônio cultural do estado do Rio, graças a uma lei de minha autoria, e precisa ser preservada e fortalecida. Vamos acompanhar o caso”, comunicou Lima.
Segundo a vereadora Maíra do MST, a ação ocorreu sem dialogar. “A Feira da Glória é um patrimônio cultural do estado, construído pelos trabalhadores que ocupam as ruas com seus produtos! Se há necessidade de ordenamento, o poder público precisa encontrar soluções em diálogo com feirantes, ambulantes e moradores, sem prejudicar as famílias”, escreveu nas redes sociais.
Já a vereadora Thais Ferreira (Psol) afirmou que “trabalhadores foram impedidos de vender, perderam mercadorias e tiveram que ir embora no prejuízo”. Segundo o mandato, feirantes que têm buscado a prefeitura para regularizar a atividades não encontram solução.