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ARTIGO

‘Eixo revolucionário’ mina hegemonia ocidental na África

Tabuleiro geopolítico africano está se redefinindo, mas não chama a atenção da imprensa eurocêntrica

14.jul.2025 às 21h02
Porto Alegre (RS)
Marcelo Leal
‘Terrorism we are witnessing today comes from imperialism’, Burkina Faso’s President Ibrahim Traoré tells Putin

No epicentro desse movimento na África está Ibrahim Traoré, atual presidente de Burkina Faso - Photo: Ibrahim Traoré/X

“O que a África exige não é a bondade do colonizador, mas sua extinção”, advertiu Frantz Fanon durante a Guerra da Argélia (1954-1961). Seis décadas depois, o diagnóstico do intelectual martinicano soa como profecia diante do cenário atual do continente. A expulsão de bases francesas, as rupturas com potências ocidentais e o alinhamento com Moscou e Pequim redefiniram o tabuleiro geopolítico africano, enquanto a imprensa eurocêntrica direciona suas lentes para Ucrânia e Oriente Médio.

Do Mali (norte da África Ocidental) à Guiné (no litoral atlântico), governos e movimentos populares desafiam a influência ocidental. Mas por que esse terremoto geopolítico recebe tão pouca atenção? Em Como a Europa Subdesenvolveu a África (1972), Walter Rodney, historiador guianense assassinado em 1980, desmonta o racismo estrutural do neocolonialismo ao demonstrar como narrativas pseudocientíficas foram usadas para naturalizar a opressão. “A justificativa ideológica para a dominação europeia”, escreveu, “sempre foi a pretensa inferioridade africana”.

No epicentro desse movimento está Ibrahim Traoré, atual presidente de Burkina Faso. O jovem capitão chegou ao poder em setembro de 2022, após um golpe militar que destituiu Paul-Henri Sandaogo Damiba, acusado de incompetência no combate ao terrorismo jihadista e de submissão a potências estrangeiras. Seguindo o exemplo do Mali, o novo governo burquinense encerrou o acordo militar com a França, alegando que os europeus apoiavam clandestinamente grupos terroristas para justificar sua permanência no país. 

Traoré integra uma nova geração de governantes africanos que se insurgem contra a dominação ocidental. Voz altiva nos fóruns globais, o carismático líder tem como principais aliados outros dois militares também alçados ao poder por meio de golpes: Assimi Goïta (coronel), que assumiu o Mali em 2021, e Abdourahamane Tiani (general), chefe da junta militar que governa o Níger desde julho de 2023.

Sanções ocidentais: o efeito bumerangue

Os três países uniram-se na Aliança dos Estados do Sahel (AES), bloco político, econômico e militar formado em setembro de 2023 – a primeira aliança saheliana sem mediação europeia. O Sahel, faixa semiárida que corta a África do Senegal ao Sudão, entre o deserto do Saara e as savanas do sul, é uma região estratégica entre o Atlântico e o Mar Vermelho. Abriga vastos recursos naturais (petróleo, urânio, manganês e ouro), mas enfrenta crises humanitárias decorrentes de escassez hídrica, conflitos intercomunitários e ataques de grupos como Al-Qaeda e Estado Islâmico.

Chamada por pan-africanistas de ‘eixo revolucionário da África’, a AES surgiu como resposta às sanções impostas pela Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), bloco acusado de servir aos interesses franceses. Os EUA mantêm cooperação militar com alguns países da Cedeao para conter o avanço chinês e russo na região.

Oito dos 15 Estados da Cedeao ainda usam o franco CFA, moeda controlada pelo Banco Central Francês, que retém 50% das reservas internacionais desses países e cobra taxas de gestão. Empresas francesas têm prioridade em contratos públicos e repatriam lucros sem restrições. Enquanto cidadãos da Cedeao precisam de visto para entrar na França, o capital francês circula livremente em suas ex-colônias. 

Rússia e China, os novos parceiros estratégicos

Essa dinâmica reproduz a lógica colonial de trocas desiguais, que permitiu à metrópole acumular capital às custas do empobrecimento africano, como detalha Rodney em sua obra. “O subdesenvolvimento da África foi um fator necessário para o desenvolvimento da Europa”, explica. “Ouro, marfim, borracha, diamantes, cobre, petróleo… tudo foi sistematicamente saqueado da África para financiar a industrialização europeia sem que isso resultasse em desenvolvimento interno para o continente.”

A ruptura com a Cedeao é um marco histórico – o projeto mais ousado de descolonização desde a Guerra Fria. Entre as medidas impactantes estão acordos diretos para exportação de urânio e ouro para Rússia, China e Turquia; anúncio de uma moeda comum (fim da dependência do franco CFA); criação de uma Força Conjunta do Sahel com 5 mil soldados para ações antiterror.

No campo militar, merece destaque o acordo com a Rússia para fornecimento de armamentos (defesa aérea, drones e blindados) e o envio do Africa Corps (ex-Grupo Wagner), com 1.500 militares para treinar tropas locais em guerra assimétrica.

“Che Guevara africano” inspira Traoré

Burkina Faso, Mali e Níger reescrevem as regras da diplomacia africana, atraindo o interesse de outras nações. A Guiné-Conacri, governada por uma junta militar antiocidental, demonstra disposição para ingressar na AES; o Chade flerta com o bloco, apesar de suas relações com a França; a Argélia oferece mediação; e a República Centro-Africana apoia indiretamente, devido aos laços com a Rússia.

Oficial experimentado em combate, Traoré também se mostra estrategista em guerra semiótica. Suspendeu as operações da Air France e fechou o Institut Français (Aliança Cultural Francesa), símbolos da influência colonial. Inspira-se explicitamente em Thomas Sankara – cujos retratos exibe em discursos –, o líder revolucionário assassinado em 1987 em um golpe apoiado por França, EUA e governos africanos conservadores. 

Também capitão do exército, Sankara renomeou o país (de Alto Volta para Burkina Faso – “Terra dos Homens Íntegros”), promoveu campanhas de vacinação e alfabetização, reflorestamento e emancipação feminina, além de cortar privilégios de elites. Enquanto Sankara, o “Che Guevara africano”, era um marxista declarado, Traoré é um nacionalista pragmático adaptado à multipolaridade. O primeiro virou ícone pop, sua imagem figura em camisetas, grafites e músicas; o segundo ainda constrói seu legado. 

Para os Brics+, AES é ator-chave no Sahel

Na 17ª Cúpula dos Brics+ (6 e 7 de julho, Rio de Janeiro), um ponto passou despercebido: o reconhecimento da AES como ator-chave no Sahel. Embora ainda não integrem o bloco, Mali, Burkina Faso e Níger consolidaram-se como parceiros prioritários da Rússia e China. A aliança recebeu 500 milhões de dólares do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) para ações de defesa e obteve status de observador permanente.

Segundo fontes do Itamaraty, o acordo de cooperação em segurança prevê o fortalecimento da Força Conjunta do Sahel – sem restrições à presença do Africa Corps. A condenação às “interferências externas”, nos debates, respalda as recentes mudanças políticas nesses países.

* Jornalista

** Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.

Editado por: Katia Marko
Tags: áfricabricsgeopolítica
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