A Procuradoria‑Geral da República (PGR) pediu a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado, passo que o cientista político Ranulfo Paranhos considera inevitável. “Isso são favas contadas”, avalia, prevendo que o ex‑presidente pode estar preso até outubro, ainda que “por questões de saúde e de idade” não deva ir para uma cela comum.
A PGR acusa Bolsonaro de liderar uma organização criminosa para tentar um golpe em 2022. O ex-presidente é apontado como principal articulador do esquema, que teria utilizado recursos do Estado para atacar instituições e o processo eleitoral. A pena pode chegar a 40 anos de prisão. O julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) será marcado após as defesas apresentarem suas alegações finais.
Para o professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), entrevistado no Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, Bolsonaro tentou burlar “as regras da democracia” ao fomentar o 8 de janeiro. “Todas as regras previstas na democracia tentaram ser burladas, eliminadas, enquanto o jogo estava caminhando”, afirma, comparando o regime a um jogo com normas claras.
Paranhos ressalta a autonomia do Judiciário diante de pressões externas e internas, e critica a tarifa de 50% anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra exportações brasileiras, em protesto ao julgamento de Bolsonaro. “Não tem cabimento, não tem lógica o comportamento do presidente Donald Trump ao tentar ameaçar as instituições brasileiras”, diz, vendo na reação da PGR um recado de que “quem manda aqui são os brasileiros”.
Segundo ele, o episódio abre espaço para que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retome o papel histórico do Itamaraty como mediador internacional. Uma pesquisa dos institutos AtlasIntel e Bloomberg mostra crescimento na aprovação do governo após as tarifas de Trump, com 61,1% acreditando que ele representa melhor o Brasil no exterior que Bolsonaro. “Agora é o momento de apresentar soluções”, defende, lembrando que relações exteriores foram marca central dos dois primeiros mandatos petistas.
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