Para 40,9% da população brasileira, a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é vista como uma retaliação contra a participação do Brasil na 17ª Cúpula dos Brics, realizada no Rio de Janeiro entre os dias 6 e 7 de julho. O dado integra o levantamento dos institutos AtlasIntel e Bloomberg divulgado nesta terça-feira (15).
A reunião de líderes dos chamados países emergentes que são membros do grupo – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – neste ano teve o governo Lula (PT) como anfitrião.
Sob o mote “Fortalecimento da cooperação do Sul Global para uma governança mais inclusiva e sustentável”, a declaração política final desta edição da cúpula denunciou práticas que aprofundam desigualdades entre as nações, como sanções unilaterais e a concentração de poder do sistema financeiro global.
No documento final, os membros do Brics defenderam a causa palestina, a construção de uma alternativa ao Swift, sistema de pagamento global que já foi usado para punir a Rússia, e o lançamento de uma iniciativa própria para regular internacionalmente a inteligência artificial. O anúncio de Trump sobre a taxação veio dois dias depois do fim do encontro.
Retaliação aos Brics
Entre os homens que responderam a pesquisa do AtlasIntel, 44,8% consideram que a retaliação ao Brics é a principal motivação da imposição da tarifa pelo governo estadunidense. Entre as mulheres, 37,3%.
Na separação por faixa etária, a reação à cúpula é a motivação principal na avaliação da maioria dos jovens entre 16 e 24 anos (52,6%); bem como dos idosos entre 60 e 100 (55,2%).
Esta opinião também prevalece entre diferentes classes sociais. É o que pensam 45,5% dos que têm renda familiar entre R$ 0 e R$ 2 mil; 47,8% dos que têm entre R$ 3 mil e R$ 5 mil e 52,4% dos que têm entre R$ 5 e R$ 10 mil.
Outros motivos
Segundo a pesquisa, 36,9% dos brasileiros acham que o anúncio da taxação veio por conta da atuação da família Bolsonaro junto a Trump. Já outros 16,5% consideram que a motivação principal está relacionada a uma retaliação estadunidense contra decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre redes sociais estadunidenses. Outros 3,5% consideram que se trata de um “desejo genuíno de tornar o comércio com o Brasil mais favorável aos EUA”.
Para 62,2% dos entrevistados, a decisão de taxar é injustificada, enquanto para 36,8% há uma justificativa. De acordo com a pesquisa, os brasileiros se dividem ao avaliar se a taxação é um ataque à soberania brasileira: 50,3% consideram que sim e 47,8% discordam que seja. A reação do governo brasileiro ao tarifaço é vista como adequada por 44,8% da população, agressiva por 27,5% e fraca por 25,2%.
O levantamento ouviu 2.841 pessoas entre os dias 11 e 13 de julho. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.