Um novo ataque israelense atingiu a Igreja da Sagrada Família, na Cidade de Gaza, nesta quinta-feira (17/07). Duas mulheres foram mortas e várias pessoas ficaram feridas, de acordo com médicos do Hospital Árabe al-Ahli. Entre os feridos está o pároco argentino Gabriele Romanelli, conhecido por seus relatos diários ao falecido papa Francisco sobre a situação da guerra.
Romanelli teve ferimentos leves nas pernas, enquanto seis outras vítimas permanecem em estado grave, segundo a agência italiana ANSA. Em Roma, a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni classificou como “inaceitáveis” os ataques contra a população civil.
No Telegram, um porta-voz do exército israelense emitiu uma declaração afirmando que o exército está ciente da “reclamação” sobre danos à igreja e ferimentos no local. O incidente está “sob investigação”, acrescentou.
A Igreja da Sagrada Família é a única igreja católica na Faixa de Gaza e abrigava cristãos e muçulmanos, incluindo várias crianças com deficiência, no momento do ataque.
Segundo a Al Jazeera, desde o início da guerra em Gaza, Israel atacou repetidamente locais religiosos, incluindo mesquitas e igrejas. Em outubro de 2023, poucos dias após o início da guerra, a Igreja de São Porfírio, a mais antiga da Faixa de Gaza, foi bombardeada, resultando na morte de pelo menos 18 pessoas.
Além das mulheres mortas na igreja do Mosteiro Latino, no leste da cidade, um ataque de drone matou oito civis encarregados de escoltar caminhões de ajuda humanitária rumo ao norte da Faixa. Os veículos foram destruídos e equipes de defesa civil precisaram recolher partes de corpos espalhados no local.
Genocídio
Desde o amanhecer, pelo menos 22 pessoas foram mortas nesta quinta-feira (17/07). Nas últimas 24 horas, o número de mortes chega a 93 pessoas segundo fontes médicas; 30 entre elas aguardavam ajuda alimentar.
A crise humanitária atinge especialmente os grupos mais vulneráveis. De acordo com a Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA), mais de 83% das pessoas com deficiência perderam seus dispositivos auxiliares, enquanto cerca de 80% dos idosos necessitam de medicamentos urgentes.
A distribuição de alimentos segue extremamente limitada, reduzida a um gotejamento controlado por centros locais, incapazes de atender a demanda de milhões de deslocados, afirma o órgão das Nações Unidas.
Grupo de Haia
Em Bogotá, durante o encerramento da reunião do Grupo de Haia nesta quarta-feira (16/07), 32 países se comprometeram com seis medidas contra o genocídio palestino. Entre elas, constam o bloqueio de armas e combustíveis, a revisão de contratos públicos ligados à ocupação e o veto ao trânsito de navios rumo ao país.
Anfitrião do encontro, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, afirmou: “vivemos Gaza em nosso sangue, eles também nos invadiram. E sim, podemos criticar o Hamas, mas não o povo palestino; Eles têm o direito de se rebelar porque suas terras foram ocupadas. Nossas terras colombianas também foram ocupadas pelos espanhóis, uma de nossas ilhas pelos franceses e ingleses e o Panamá pelos americanos, e eles tomaram nosso território. Um povo que eles ocupam merece se rebelar, rebelião não é crime”.
A relatora especial da ONU para os Direitos Humanos na Palestina, Francesca Albanese, destacou que o chamado “Grupo de Haia” cresceu de nove para trinta Estados dispostos a responsabilizar Israel por crimes graves e violações do direito internacional.