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ENTREVISTA ESPECIAL

Adoecimento de profissionais da Copel é resultado de mentalidade privatista, diz socióloga da UFPR

Pesquisadora Mariana Braunert investiga a precarização em do trabalho empresa públicas paranaenses

21.jul.2025 às 18h29
Curitiba (PR)
Redação
Adoecimento de profissionais da Copel é resultado de mentalidade privatista, diz socióloga da UFPR

Adoecimento de profissionais de empresas públicas é resultado de mentalidade privatista, diz doutora em sociologia da UFPR. - Foto: Orlando Kissner / Alep

A piora das condições de trabalho e o adoecimento profissional que é sentido no dia a dia por trabalhadores da Companhia Paranaense de Energia (Copel), Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) e Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) foram identificadas pela pesquisadora Mariana Bettega Braunert. Doutora em Sociologia pela da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Mestre em Sociologia pela mesma instituição, ela é autora de uma tese em 2018 que trata como empresas públicas adotam racionalidade privada. Posteriormente, em 2021, foi uma das autoras de um artigo que investigou a terceirização e precariedade do trabalho no setor elétrico, com foco na Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e Copel.

Agora, após a privatização da estatal de energia paranaense pelo governador Ratinho Junior (PSD), ela observa as mudanças nas relações trabalhistas com foco na saúde do trabalhador. Nesta entrevista exclusiva ao Brasil de Fato PR, Mariana Bettega comenta como uma gestão voltada para o lucro impacta na qualidade de vida dos trabalhadores.

Brasil de Fato PR – A senhora apresentou um estudo na UFPR em 2018 sobre as empresas públicas do Paraná e “racionalidade privada”. O estudo ocorreu antes da privatização da Copel e Compagas. Mesmo assim, já identificava uma mentalidade privada na condução de empresas públicas?

Mariana Bettega – Antes mesmo da privatização da Copel e da Compagas, a gente já podia observar uma tendência das empresas públicas do estado de que elas fossem regidas cada vez mais por isso que eu chamei de uma ‘racionalidade privada’. Existe uma lógica que orienta o estado, que é a lógica da prestação de serviço público, do atendimento das necessidades da população; e a lógica do setor privado, que busca pelo lucro, pelo aumento da produtividade, etc.

A empresa pública, ela é um híbrido, pois tem essa lógica empresarial, mas por ser pública, ela deve, em tese, buscar atender finalidades de interesse público. O que a gente observa é cada vez mais que essas empresas deixam de lado essa lógica da prestação de serviço e cada vez mais passam a atender interesses mercantis, comerciais e empresariais. Cada vez mais passam a atender interesses de acionistas privados. 

“Mesmo entre categorias que não são tão vulneráveis a acidentes de trabalho, a terceirização opera como um dos mecanismos mais eficientes e mais perversos para precarizar as relações de trabalho”. – Imagem: reprodução / TV Assembleia PR | Imagem: reprodução / TV Assembleia PR

No caso da Copel e da Sanepar, a gente observou claramente que elas passam a ter uma forma de gestão orientada não pelo atendimento das necessidades básicas da população, mas sim uma lógica orientada pelo atendimento da necessidade de gerar lucro para acionistas privados. Muito antes da privatização da Copel, a empresa já vinha assumindo esse caráter de ser uma empresa lucrativa.

Posteriormente, a senhora escreveu um artigo sobre as dimensões da terceirização e precariedade do trabalho na Copel e Cemig. Houve uma “evolução” na piora das condições de trabalho e em algum setor específico?

Um dos principais mecanismos que essas empresas usam para conseguir um aumento do lucro da produtividade é a terceirização. Eu pude observar na Copel que foi uma redução da contratação de trabalhadores diretos. Esses trabalhadores das empresas estatais têm uma condição contratual bem peculiar, porque eles não são estatutários, e sim pelo regime da CLT, mas são contratados via concurso público. Como celetistas contratados por empresas privadas, isso é uma condição bastante híbrida. O regime clássico de contratação de empresas públicas é esse, é o trabalhador celetista contratado pelo estado, via concurso público.

O que a gente tem é uma redução de contratação desses trabalhadores, que são contratados diretamente, e uma ampliação da contratação de trabalhadores terceirizados. Isso acontece principalmente nos serviços “linha de frente”, os leituristas, trabalhadores que executam atividades mais relacionadas à operacionalização do serviço.  A gente tem uma tendência de coexistência de trabalhadores que executam exatamente as mesmas atividades (caiu energia elétrica, deu problema num poste), um trabalhador direto da Copel ou um terceirizado, mas condições contratuais e formais absolutamente diferentes.

Os trabalhadores terceirizados têm uma condição bem mais vulnerável, bem mais instável, salários menores, eles não têm o mesmo treinamento, cobrança por cumprimento de metas bem maior. 

Nesse sentido, considerando que a atividade envolve alto risco, a consequência mais nefasta desse processo é um aumento de acidentes e mortes no trabalho. Os dados mostram, de uma forma muito concreta, que trabalhadores terceirizados sofrem bem mais acidentes de trabalho e mortes decorrentes de acidentes do que trabalhadores contratados diretamente por essas empresas.

Sua pesquisa analisou Copel, Sanepar e Cohapar. É possível identificar semelhanças de precarização de trabalho e adoecimento profissional?

Sim, embora sejam empresas com perfis muito diferentes, a Copel e a Sanepar têm perfil mais empresarial, enquanto que a Cohapar tem perfil que se aproxima mais de um órgão público da administração direta. Independente disso, a precarização do trabalho e o aumento do adoecimento profissional parece ser um fenômeno que afeta os trabalhadores de todas essas empresas. 

Durante a pesquisa, espontaneamente a gente ouviu muitos relatos de trabalhadores sobre o aumento de adoecimento e afastamento do trabalho, principalmente relacionado à questão de adoecimento mental.

Foram trabalhadores que atuavam na linha de frente, engenheiros, sociólogos, assistentes sociais, etc. Eles relataram com frequência, embora esse não fosse o foco da nossa pesquisa, uma quantidade grande de adoecimento (desenvolvimento de transtorno de ansiedade, depressão, alcoolismo, burnout.) relacionados às formas de gestão que estão sendo implementadas por essas empresas. Isso tem a ver principalmente com uma cobrança muito intensa por resultados, pelo cumprimento de metas, pelo aumento da produtividade, um controle sobre o trabalho que se desenvolve de uma forma muito intensa. 

E isso certamente tem a ver com a adoção dessa racionalidade privada que instiga os trabalhadores a cada vez mais, trabalharem de forma mais eficiente, mais sujeita a esse comprimento de metas que são cada vez mais quantificáveis, cada vez mais objetivos. É um mecanismo de gestão que nas empresas privadas é muito típico e que leva à adoção e formas de assédio no trabalho, e que vêm cada vez mais adentrando as empresas públicas.

No seu entendimento, uma visão de mercado em empresas públicas é escolha de um governo e isso trouxe saldos positivos ou negativos para a saúde dos trabalhadores dessas empresas?

A forma como uma empresa pública é conduzida e a quais interesses dela atende a uma escolha do governo, não do Estado.  No Paraná, a gente observa que no governo Requião (2003 a 2010), a Copel era uma empresa pública muito mais voltada ao atendimento das necessidades da população, preocupação social em relação à questão da tarifa, do que uma preocupação empresarial e voltada a interesses do mercado financeiro e do capital privado. 

O que a gente observa no caso das empresas estatais do Paraná, nos governos recentes, a tendência é adotar um perfil de atendimento a interesses privados. Mas, certamente, enquanto foram geridas por governos com outra perspectiva, a política ideológica, essas empresas assumiram outro caráter mais voltado ao atendimento da função social.

Um trecho da sua tese cita a “mentalidade privatizada” dos gestores da Copel. “Os governantes estão cada vez mais privatizados” e assumem “pensando com o espírito do empresariado”. Qual o impacto disso para os trabalhadores?

Na pesquisa, a gente teve a oportunidade de entrevistar gestores e eles têm uma mentalidade muito típica do setor privado: gestão orientada pelo bom desempenho, pela produtividade, pela busca pelo lucro, pelo comprimento de metas. Para eles – e isso ficou muito claro no discurso -, o fato do trabalhador da Copel ter uma certa estabilidade é um problema, é uma dificuldade. 

Eles colocam na conta da estabilidade e da condição privilegiada de trabalho o fato de eles não conseguirem fazer uma ‘gestão tão eficaz’. Eles dizem: “se o trabalhador do setor privado não cumpre o que tem que ser feito, vai ser mandado embora. No setor público, se acomodam, fazem corpo mole”. 

Esses gestores adotam muito esse discurso depreciativo dos trabalhadores do setor público, que é um discurso com o qual a gente tem que ter muito cuidado. Foi um aspecto que ficou muito claro na entrevista desses gestores o quanto eles questionavam essa estabilidade dos trabalhadores da Copel. É típico dessa ideologia neoliberal questionar o servidor público a estabilidade da qual o servidor público dispõe.

A sua tese previu que havia um “crescente à racionalidade neoliberal e consequente precariedade do trabalho que atinge os trabalhadores das três empresas estatais do Paraná (Copel, Cohapar e Sanepar). Agora, você vê esse processo se intensificando?

A pesquisa foi feita em 2018, antes da privatização da Copel. A  gente está fazendo uma nova pesquisa para verificar quais foram as mudanças nas condições de trabalho após a privatização. Ao que tudo indica, foram bastante negativas. Lá em 2001, a gente já teve uma ameaça forte de privatização com o governo Jaime Lerner e que não aconteceu porque houve uma intensa mobilização popular. 

Em 2018, quando a gente falava no tema privatização, os trabalhadores diziam que era “um fantasma que assombra a gente, gera medo e ansiedade”.   Agora que isso se concretizou, as entrevistas que a gente está fazendo vão poder mostrar o que aconteceu de fato. A gente tem como hipótese que essa privatização teve várias consequências negativas para os trabalhadores em termos gerais.

O seu artigo mais recente fala que as relações de trabalho terceirizadas apontam para uma “tendência de precarização e mutilação radical da vida laboral e social desses trabalhadores, pois a iminência da morte, os acidentes e o envelhecimento precoce somam-se aos seus rebaixamentos objetivo e subjetivo”. Isso se concretizou?

A terceirização em si é o principal mecanismo de privatização do estado, pelo qual essa privatização opera atualmente e é o principal mecanismo pelo qual as relações de trabalho são precarizadas no ‘interior do estado’ com vista a reduzir custos e aumentar a eficiência operacional. Mesmo entre categorias que não são tão vulneráveis a acidentes de trabalho, como é o caso dos trabalhadores da Copel, a terceirização opera como um dos mecanismos mais eficientes e mais perversos para precarizar as relações de trabalho.

Embora possa não ser seu papel opinar sobre isso, o que é possível fazer para reverter ou reduzir a precarização do trabalho e, consequentemente, o adoecimento profissional?

É uma questão difícil, eu acho que os trabalhadores do ponto de vista individual sempre desenvolvem mecanismos de resistência a esses processos. Mas acho também que a experiência histórica mostra que as formas mais sólidas e consistentes de resistência à precarização do trabalho sempre aconteceram a partir da luta coletiva.

Eu sou partidária de que a solução para esses processos deve-se dar a partir do fortalecimento da luta coletiva, da organização coletiva, até porque a racionalidade neoliberal implica, entre outras coisas, uma individualização, um momento de competitividade entre os trabalhadores. Eu penso que o que é possível fazer para reverter ou reduzir é alguma forma coletiva de resistência e de mobilização contra esses processos.

Editado por: Manoel Ramires
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