As Forças Armadas de Israel iniciaram nesta segunda-feira (21) uma operação terrestre no centro da Faixa de Gaza. Tanques invadiram a cidade de Deir Al-Balah pelas áreas sul e leste.
A justificativa foi a de que o Hamas mantinha alguns prisioneiros na localidade. Segundo o Gabinete da Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas (Ocha), entre 50 mil e 80 mil pessoas se encontravam nesta área.
A nova ofensiva ocorre no mesmo dia em que 25 países – alguns deles aliados de Israel – condenaram as ações em Gaza e pediram o fim imediato das hostilidades.
Reuno Unido, França, Bélgica, Canadá, Austrália e Nova Zelândia estão entre os signatários da declaração que foi divulgada nesta segunda-feira.
“A negativa do governo israelense de ajuda humanitária essencial à população civil é inaceitável. Israel deve cooperar com as obrigações do direito humanitário internacional”, aponta o documento.
Após saber da operação desta segunda-feira em Deir Al-Balah, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, classificou a ação de “intolerável em muitos níveis”.
Mortes de fome e esperando por comida
As ações terrestres ocorrem enquanto o massacre continua. Nas últimas 24 horas, 134 palestinos foram mortos por Israel. Do total, 92 foram assassinados por tropas israelenses enquanto aguardavam comida em filas de centros de distribuição nas zonas de travessia do Zikim e nas cidades de Rafah e Khan Younis.
Outros 19 morreram de complicações decorrentes da fome, segundo autoridades sanitárias de Gaza.
Desde que iniciou a mais recente fase do genocídio palestino, Israel ampliou o bloqueio contra o enclave e restringe a entrada de água, comida e remédios. O país já foi acusado pela ONU de utilizar a fome como “arma de guerra”.
Agência da ONU alerta sobre a fome
A Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA) informou nesta segunda que estava recebendo “mensagens desesperadas de fome” de sua equipe na Faixa de Gaza, sitiada após mais de 21 meses de guerra.
Este alerta segue os emitidos regularmente pela agência e por diversas ONGs, que vêm advertindo há meses sobre os riscos de fome no território palestino, onde mais de dois milhões de pessoas enfrentam condições humanitárias críticas.
A Defesa Civil local e a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) relataram um aumento acentuado nos casos de desnutrição nos últimos dias, enquanto a ajuda humanitária chega a conta-gotas.
Em pronunciamento escrito, a UNRWA alertou para o aumento da especulação no preço dos alimentos em Gaza e exigiu que Israel suspenda o bloqueio.
“Levantem o cerco e permitam que a entrada de ajuda com segurança e em massa”, pediu a agência, que afirmou ter reservas suficientes em seus armazéns fora de Gaza para alimentar “toda a população por mais de três meses”.
Mohamed Abu Salmiya, diretor do Hospital al-Shifa em Gaza, disse à agência AFP que “bebês menores de um ano sofrem com a falta de leite, o que causa perda significativa de peso e diminuição da imunidade”.
Desde o dia 7 de outubro de 2023, quando combatentes do Hamas lançaram um ataque surpresa no sul de Israel, as forças israelenses e o governo de Benjamin Netanyahu vêm conduzindo um genocídio na Faixa de Gaza.
A ofensiva já matou mais de 58,8 mil pessoas, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza.
*Com AFP