Com o inverno, cresce a preocupação com doenças respiratórias, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ainda mantém níveis elevados em várias regiões do país. Para esclarecer dúvidas sobre os cuidados com as vias aéreas, o Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, conversou com a otorrinolaringologista Nadine Scariot Kleis, dos hospitais Universitário Cajuru e São Marcelino Champagnat, em Curitiba (PR).
Sobre a popular lavagem nasal, Kleis esclarece que “quando feita corretamente, ajuda muito”. “O nosso nariz tem algumas funções que ficam mais dificultadas no inverno. A função dele é umidificar e aquecer, principalmente, o ar. E agora, no inverno, o clima fica mais seco e mais frio, então dificulta essa função do nariz”, explica.
De acordo com ela, o recomendado é usar sempre soro fisiológico para o procedimento. “Como o nome já diz, é fisiológico, porque é parecido com o soro que temos no nosso corpo. Isso facilita para que o nariz funcione melhor e até que consigamos prevenir alguns tipos de infecções, que agora no outono e inverno são muito mais prevalentes”, indica.
No entanto, o uso de produtos inadequados para a lavagem pode gerar um desconforto ainda maior, a especialista alerta. “Quando ela é feita, por exemplo, com água oxigenada, com óleos essenciais, isso pode machucar a pele do nariz. A pele dentro do nariz, a mucosa, é mais sensível. Não é como a nossa pele das mãos, do corpo; é mais parecida com a pele de dentro da boca. E é bem mais sensível a queimaduras ou irritação”, diz.
Além disso, a médica orienta que “o ideal é sempre manter o ambiente ventilado”. “Isso faz com que os vírus e até os alérgenos, como o ácaro e pó, circulem menos, fiquem menos presos, então, com menos frequência no nariz”, aponta. Ela lembra também da importância da higiene dos filtros de ar condicionado para evitar a circulação de poluentes nas vias respiratórias.
Quanto ao uso de aquecedores, Nadine explica que eles podem deixar o ar mais seco e, por isso, sugere o uso moderado de umidificadores, com cuidado para evitar o acúmulo de mofo e fungos.
O boletim semanal InfoGripe, da Fiocruz, divulgado no último dia 17, aponta que apesar da queda no número de casos de SRAG na maior parte do Brasil, a doença ainda apresenta níveis de alerta em quase todas as unidades federativas, afetando principalmente crianças pequenas e idosos. Até agora, em 2025, foram registradas 7.660 mortes pela síndrome no Brasil, com predominância da influenza A, seguida pela covid-19 e pelo vírus sincicial respiratório (VSR).
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