Com o lema “Para o Brasil alimentar, Reforma Agrária Popular!”, 200 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) do Distrito Federal na manhã desta terça-feira (22).
De acordo com o MST, cerca de 2 mil famílias estão acampadas na região do DF e entorno. Ausência de servidores, técnicos e estrutura são apontados pelo movimento como entraves para implementação da Reforma Agrária. Não há estimativa de data para desocupação da autarquia.
“A reforma agrária no DF e entorno está estagnada. A classe trabalhadora [está] carente de andamento tanto na pauta de obtenção quanto na parte de infraestrutura e créditos. Nossa pauta está caducando”, pontua a diretora nacional do MST no DF, Leidiane Sousa.

A ação faz parte da Semana Camponesa, realizada entre os dias 21 e 25 de julho, com mobilizações em todo o país. A pauta prioritária do movimento é a pressão por terra, crédito, educação e políticas para assentados e acampados.
O Brasil de Fato DF entrou em contato com o Incra DF, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria.
Pauta estagnada no governo
A ocupação vem após a divulgação de uma carta aberta à sociedade brasileira questionando a estagnação da pauta da Reforma Agrária no Brasil. O documento vem recheado de críticas aos ataques promovidos pela direita no Congresso Nacional, e exige do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o cumprimento das políticas públicas no segmento.
À espera da regularização fundiária, cerca de 122 mil famílias vivem em 1.250 acampamentos no país, segundo o MST. O movimento ainda expôs a falta de recursos e estrutura para programas como o Pronaf A, o Pronera e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Destaca ainda o fechamento de escolas no campo e a ausência de investimentos na educação rural.
“A Reforma Agrária é um instrumento de defesa das terras do país, em contraposição ao agronegócio entreguista, golpista, saqueador e antipatriótico. Soberania nacional só é possível com soberania alimentar. E a soberania alimentar se constrói com a agricultura familiar camponesa e com a Reforma Agrária”, diz parte da carta.