O governo brasileiro anuncia nesta quarta-feira (23) que aderiu formalmente ao processo em curso na Corte Internacional de Justiça (CIJ) das Nações Unidas, movido pela África do Sul contra o genocídio de Israel na Palestina.
Em nota, o Itamaraty declarou que o Brasil está na “fase final para submissão de intervenção formal no processo”, além de afirmar que a comunidade internacional não pode permanecer “inerte diante das atrocidades em curso”.
O comunicado também evidenciou a indignação do governo brasileiro diante dos recorrentes episódios de violência contra a população civil no Estado da Palestina, que está se estendendo à Cisjordânia.
No sábado (12), o chanceler Mauro Vieira tinha confirmado que o Brasil se juntaria formalmente ao processo movido pela África do Sul. “Os últimos desenvolvimentos da guerra nos fizeram tomar a decisão de nos juntarmos à África do Sul na Corte Internacional”, declarou o Ministro das Relações Exteriores em entrevista exclusiva à emissora catari Al Jazeera. Vieira explicou que a demora para formalização era porque estavam “trabalhando nisso” e reiterou que logo “terão boas notícias em pouco tempo”.
Leia a declaração
Violações Sistemáticas de Direitos Humanos e Humanitário no Estado da Palestina
O governo brasileiro expressa profunda indignação diante dos recorrentes episódios de violência contra a população civil no Estado da Palestina, não se restringindo à Faixa de Gaza e estendendo-se à Cisjordânia.
A comunidade internacional segue testemunhando, de forma rotineira, graves violações de Direitos Humanos e Humanitário: ataques à infraestrutura civil, inclusive a sítios religiosos, como à paróquia católica em Gaza, e às instalações das Nações Unidas, como à Organização Mundial da Saúde; violência indiscriminada e vandalismo por colonos extremistas na Cisjordânia, como o incêndio às ruínas da antiga Igreja de São Jorge e ao cemitério bizantino em Taybeh; massacres de civis, a maior parte dos quais mulheres e crianças, que se tornaram cotidianos durante a entrega de ajuda humanitária em Gaza; e a utilização despudorada da fome como arma de guerra.
A esses horrores somam-se contínuas violações do Direito Internacional, como a anexação de territórios pela força e a expansão de assentamentos ilegais.
A comunidade internacional não pode permanecer inerte diante das atrocidades em curso.
O Brasil considera que já não há espaço para ambiguidade moral nem omissão política. A impunidade mina a legalidade internacional e compromete a credibilidade do sistema multilateral.
Finalmente, o governo brasileiro anuncia que está em fase final para submissão de intervenção formal no processo em curso na Corte Internacional de Justiça, movido pela África do Sul com base na Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio. A decisão fundamenta-se no dever dos Estados de cumprir com suas obrigações de Direito Internacional e Direito Internacional Humanitário frente à plausibilidade de que os direitos dos palestinos de proteção contra atos de genocídio estejam sendo irreversivelmente prejudicados, conforme conclusão da Corte Internacional de Justiça, em medidas cautelares anunciadas em 2024.